Milhares de ucranianos voltaram às ruas de Kiev neste domingo (12/01) para exigir a renúncia do primeiro-ministro, Nikolai Azarov. Na Praça da Independência, os manifestantes pressionaram por eleições gerais antecipadas na Ucrânia.
Há quase dois meses, a onda de protestos conhecida como “Euromaidan” tomou o país para protestar contra o presidente Viktor Yanukovich e seu governo. Capitaneada pela oposição, a multidão volta a exigir suas demandas, levando milhares ao centro da capital ucraniana. As manifestações populares começaram após Yanukovich ter se recusado a assinar o Acordo de Associação com a União Europeia.
As forças antidistúrbios “Berkut”, que ontem entraram em confronto com um grupo de opositores no bairro de Sviatoshinski, bloqueiam com caminhões e ônibus os acessos aos edifícios administrativos, entre eles o parlamento e a sede do governo, no chamado “quarteirão governamental” de Kiev.
Um grupo de ativistas seguiu em carreata em direção à residência do presidente ucraniano, nos arredores de Kiev, em uma ação denominada: “Ordem do dia para Yanukovich”.
A cantora ucraniana Ruslana, ganhadora do prêmio musical Eurovision em 2004, subiu ao palco montado há 53 dias na Praça da Independência para apoiar as reivindicações da oposição e pedir aos sindicatos que organizem uma greve geral em todo o país.
“Cada dia no Maidan (“praça”, em ucraniano, em alusão ao movimento e ao lugar dos protestos) é um passo rumo à nossa vitória”, exclamou por sua vez um dos líderes mais populares da oposição, o campeão mundial de boxe na categoria peso-pesado Vitali Klitshko [na foto à esquerda].
Por sua vez, Arseni Yatshenuk, atual líder do partido Batkivshina (Pátria), principal legenda da oposição no parlamento e presidido pela ex-premiê Yulia Tymoshenko — que está na prisão —, exigiu a retirada do projeto de orçamento apresentado pelo governo.
Yatshenuk também reiterou a já histórica exigência de sua legenda para que Tymoshenko seja libertada e lembrou que a oposição ucraniana “tem o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia”.
Yuri Lutsenko
Enquanto isso o opositor ex-ministro do Interior, Yuri Lutsenko, segue internado em um hospital, com uma traumatismo craniano e uma comoção cerebral, após ter sido espancado pela polícia na madrugada de ontem.
Aparentemente, Lutsenko foi golpeado por policiais da “Berkut” quando tentava mediar um confronto entre as forças de segurança e os opositores em frente a um tribunal da capital ucraniana.
A Procuradoria de Kiev abriu uma investigação penal sobre o espancamento do político, que passou mais de dois anos na prisão condenado por vários crimes financeiros e considerado então como preso político por alguns países ocidentais e defensores dos direitos humanos. Lutsenko, que sempre alegou inocência, recebeu indulto em abril do ano passado.
Sua detenção, em dezembro de 2010, foi qualificada como uma violação dos direitos humanos pelo Tribunal de Estrasburgo.
(*) Com informações da Agência Efe
Fonte: Ópera Mundi.
Foto: Agência Efe