Na semana que passou, o Viva Coqueiros presenciou uma quantidade incalculável de pequenos peixes mortos, que chegavam às areias de nossas praias.
Muitos moradores também nos avisaram, mas não sabíamos o que estava acontecendo. Conversamos com pescadores do Abraão e da Praia do Meio e acabamos conversando com o Rodrigo Kiko Bungus Ferreira, que é biólogo e que trouxe as informações neste post, que justificam a mortandade desses peixes.
O mais interessante é que notamos que nem as gaivotas estavam se alimentando dos pequenos peixes, e isso nos intrigou.
Pesca de arrastão irregular e seus efeitos
A Pesca de Arrastão, por si só, já é uma modalidade de pesca extremamente danosa por remover constantemente o fundo do mar e ajudando a torná-lo estéril, pois com a rede raspando o fundo retira os abrigos naturais e esconderijos de espécies marinhas menores.
Como se não bastasse isso, a pesca de arrastão praticada dentro das baias com a finalidade de pescar camarão usa malha muito fina, daquelas capazes de capturar até peixes menores, filhotes, crustáceos e demais espécies que não tem valor comercial e por isso acabam descartadas no ambiente. Muitas vezes vemos praias cheias de pequenos peixes mortos encalhados, como ocorreu ontem na Praia do Bom Abrigo.
Muitas pessoas podem pensar que pode ter havido um crime ambiental vinculado a algum derrame de produto químico, ou a poluição por esgoto chegou a um nível de toxicidade que retirou oxigênio da água ao ponto de matar a vida marinha, mas esses fenômenos são mais comuns em pequenos corpos de água ou ambientes mais fechados como lagos ou lagoas, em mar aberto tem que haver um derrame muito grande pra que a diluição não seja suficiente e espécies morram.
O caso específico da mortandade de peixes vista na Praia do Bom Abrigo é um exemplo clássico daquele vinculado a pesca predatória de arrastão, até porque todas espécies encontradas não tinham valor comercial, e quando ocorre um acidente natural ou derrame tóxico, várias espécies são afetadas indiscriminadamente, inclusive aquelas com valor comercial, como Linguado, Robalo, Camarões, Siris e outros.Existe toda uma legislação, até rigorosa, que trata da pesca de arrasto, mas infelizmente os órgãos de controle são falhos na fiscalização e conscientização dos pescadores, que no final das contas acabam se tornando os grandes prejudicados pela prática suicida que realizam.
A pesca de arrasto é uma modalidade extremamente destrutiva e predatória, que já deveria ter sido abolida e substituída por outros métodos menos prejudiciais pra cadeia marinha.
E uma forma simples de coibir, fiscalizar e conscientizar seria os órgão ambientais e de fiscalização fazerem forças tarefas conjuntas e visitarem as colônias de pescadores e barracos pra verificar irregularidades assim como levar um pouco educação ambiental.
As pessoas só respeitam aquilo que conhecem e por isso conscientização é fundamental.
O telefone pra Central de Denúncias de Crimes Ambientais é 0800 6448500 e funciona de 2ª a sexta das 13h às 19h.
Da FLORAM é 3234-8483.
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Fonte: Viva Coqueiros.