Por Jaine Fidler Rodrigues, para Desacato.Info.
Existe há quase um ano no Brasil “Miriki” – coletiva feminista que promove um espaço de leitura, reflexão, discussão e socialização exclusivamente para mulheres que, além da opressão sexual, vivenciam também a opressão de raça. O projeto surge do desdobramento de uma coletiva de jovens negras e indígenas de várias regiões do país, ‘Perseguidas’. Ela buscava proporcionar que estas mulheres pudessem se ver como maioria, pudessem falar de suas experiências de opressão de maneira mais natural. Por várias razões, deixou de existir, mas, deixou frutos. Para falar sobre o assunto, esteve no JTT-Manhã Com Dignidade a socióloga e ativista lesbofeminista, Brisa Kamulenge.
Neste espaço, várias conexões foram estabelecidas entre as mulheres. A partir disto, Brisa Kamulenge e Cleany Silva (estudante de medicina), se uniram para continuar com a ideia e proporcionar este espaço para que mulheres negras e indígenas fiquem juntas.
“A gente entende que o pensamento feminista é um grande patrimônio da humanidade feminina. Ele precisa estar disponível para todas as mulheres. O feminismo nos oferece uma leitura de mundo a partir da perspectiva da mulher. Ele é fundamental, para fazer enfrentamento quanto a opressão machista”, explica Brisa.
Em Mikiri, de acordo com Brisa, o elemento raça não as diferença. Pois o foco é o objeto do processo: feminismo. Na conversa, ela ressalta que mulheres estarem juntas, sem a interferência masculina, de forma autônoma, para seu lazer e desenvolvimento cultural, educacional e técnico ainda é algo incomum. Portanto, uma luta a ser travada, “a gente percebe que estar entre mulheres ainda é uma luta que a gente precisa travar”, afirma.
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Neste primeiro ano de atividade está sendo desenvolvida e aplicada a metologia de estudar conceitos através de autoras feministas, como livro “A criação do patriarcado”, o conceito de sexismo, gênero, violência masculina, entre outros. Os encontros acontecem 100% online, isto possibilita mulheres de todo país participar. Sendo que, eles são realizados aos domingos a noite.
Além disto, Brisa explica que não é um grupo prioritariamente de amizades, é uma proposta de gerar entendimentos sobre vivências pessoais caracterizadas como opressivas ou violentas. Ou seja, gerar consciência e fortalecimento do eu para agir sobre o mundo. “Isto tem um impacto na sociedade”, destaca.
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