‘Meu caro Michel’ faz uma reconstrução poética e política da vida do jornalista Eloy Gallotti pelo olhar do seu filho

Documentário tem pré-estreias em maio em Blumenau e no Rio de Janeiro

Montagem das memórias

A partir de uma carta que chega a seu destino quase 50 anos depois, Heitor Caramez, filho do jornalista Eloy Gallotti, procura investigar quem foi a figura do seu pai. Essa é a história do documentário Meu Caro Michel (2024, 85’), que terá pré-estreia em Blumenau, na Fundação Cultural, no dia 6, e na sequência no Rio de Janeiro dia 16/05, às 19h30 no Cine Joia e no dia 17 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, sessões seguidas de debate com o diretor Heitor Caramez.

Através de uma montagem poética com as cartas, diários, poemas e jornais deixados por Eloy, entrevistas com familiares, amigos e colegas de jornalismo, imagens de arquivo e animações, o filme conta a sua história, apresentando também um panorama das suas visões políticas inseridas no embate à ditadura militar e a produção em Florianópolis do jornal independente Afinal no começo dos anos 1980.

Meu caro Michel é uma produção da Lua Filmes e Vedere Marketing, e um projeto contemplado pelo Prêmio Catarinense de Cinema 2020, executado com recursos do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, e tem apoio técnico do NPD/IFSC Campus Florianópolis. No site https://docmeucaromichel.com/ é possível ver o trailer e acessar o acervo de todas as edições do Afinal.

Eloy Gallotti (Rio de Janeiro, 1952 – Florianópolis, 1999), falecido quando Heitor tinha 12 anos, teve uma trajetória intensa nos movimentos estudantis, como professor, ativista da contracultura e jornalista. Foi membro do jornal Afinal, tabloide editado em Florianópolis entre 1980 e 1983 e ícone da imprensa alternativa, representando um papel semelhante em Santa Catarina ao jornal Pasquim em âmbito nacional. Foi criado a partir da demissão coletiva dos seus membros do jornal O Estado, após a cobertura da Novembrada, episódio de confronto popular com o presidente João Figueiredo em Florianópolis, em 1979.

Mais tarde, jornalistas do Afinal foram denunciados na Lei de Segurança Nacional e, civis, foram julgados por um tribunal militar, tendo sido absolvidos da acusação de propaganda adversa.

O filme parte da busca a Michel Misse, amigo de Gallotti e colega do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, para quem ele escreveu a carta que nunca havia sido entregue. Entrevista amigos do tempo da universidade, pessoas que foram duramente atingidas pela ditadura no Rio de Janeiro e mantiveram um círculo de amizade de quase cinco décadas, passa pelo autoexílio de Eloy na França, o retorno ao Brasil, a vida em Florianópolis, a Novembrada, o jornal e as agitações culturais nos bares, incluindo o Ceca – Centro Etílico, Cultural e Artístico e uma viagem à China, em 1987. Ele também fez parte da realização do
julgamento Cem Anos Humilhação, na UFSC, em 1995, sobre a mudança do nome da cidade, que homenageia o marechal Floriano Peixoto (1891-1894), segundo presidente do Brasil, responsável pelo massacre de 187 opositores na Ilha de Anhatomirim.

Para essa reconstrução da multiplicidade da vida de Eloy foram feitas 30 entrevistas e mais de 40 horas de filmagem. A pesquisa incluiu buscas em inúmeros acervos, como os do Serviço Nacional de Informações – SNI no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, já que todos os membros do Afinal e amigos em comum foram vigiados e fichados durante anos. O documentário preenche ainda uma lacuna nos registros do que foi a ditadura militar em Santa Catarina.

O filme cita nomes da referência da imprensa catarinense, como o chargista Bonson, do jornal O Estado, padrinho do diretor, com a animação de uma de suas charges. A foto do cartaz é do jornalista, fotógrafo e historiador Celso Martins e as fotos da cobertura da Novembrada são de Dario de Almeida Prado.

A produção também realizou uma das últimas entrevistas com o jornalista Carlos Damião antes do falecimento em 2022, que estará no site do projeto.

Meu caro Michel se completa com cenas ficcionais dessa busca e constitui uma homenagem afetiva e política de Heitor a seu pai, com quem ele conviveu por poucos anos.

Exibições de contrapartida social do filme

Próximas datas:

06/05 – Auditório Carlos Jardim, Fundação Cultural de Blumenau (Rua XV
de Novembro, 161, Centro) – Blumenau SC – 19h30
Rua XV de Novembro, 161, Centro

16/05 – Novo Cine Joia – Rio de Janeiro RJ – 19h30
Shopping 680 & Ed. Central – Av. Nossa Sra. de Copacabana, 680 Copacabana,
Rio de Janeiro RJ. 22050-001
Capacidade: 87 lugares

17/05 – IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – UFRJ) – Rio de
Janeiro RJ

Sinopse:

A partir das informações de uma carta endereçada a um amigo, o filho do jornalista Eloy Gallotti procura investigar quem foi a figura do seu pai, e durante essa busca, tenta encontrar o destinatário.

Através de uma montagem poética com as cartas, diários, poemas e jornais deixados por Eloy, o filme conta a sua história, apresentando também um panorama das suas visões políticas inseridas no embate à ditadura militar e a produção do jornal independente Afinal no começo dos anos 1980.

Entrevistas:

Alzemir Machado, Ana de Oliveira, Carlos Damião, Claudia Barcellos, Dario Almeira Prado Jr, Evandro Ouriques, Flavio Espedito de Carvalho, Francisco Giannattazio Neto (Lord K), João Galdino, Marcio de Souza, Marcio Dison,Maurício de Oliveira, Michel Misse, Nelson Rolim, Nelson Wedekin, Paulo Afonso(Piroco), Rosângela Koerich, Sergio Rubim (Canga), Reginaldo da Silva Cordeiro, Utah Schweitzer. Familiares: Eloy Cortes Menezes Cortes, Gilberto Menezes Cortes, Heloisa Cortes Gallotti Peixoto, João José Cortes Gallotti Peixoto, Matheus Quaglia Peixoto, Cecilia Peixoto, Maria Alice Cortes Gallotti Peixoto, Marta Cortes
Gallotti Peixoto, Renato Cortes de Lacerda.

Sobre o diretor:

Heitor Caramez Peixoto é cineasta, editor, realiza captação e pós-produção sonora. Sua pesquisa é voltada para estudos sobre cinema, jornalismo alternativo, ditadura e narrativas. Realizou mestrado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC – 2016-2018), onde desenvolveu pesquisa sobre narrativas cinematográficas. Dirigiu o curta-metragem “Que cheiro de grama cortada no frio” (2009) e o documentário “Cena Criativa” (2022), sobre políticas públicas no cenário do teatro em Santa Catarina, onde
também ministrou uma oficina de documentário para escolas ligadas ao MST. É diretor de som, produtor e diretor de fotografia e editor em diversas produções.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Heitor Caramez
Assistência de direção: Chico Caprário
Produção Executiva: Emanuelle Weber
Direção de Produção: Reno Caramori Filho
Direção de fotografia e câmera: Diego Canarin
Assistência de fotografia e câmera: Pedro Sanchez e Michele Diniz
Técnica de som direto: Marcelo Ribeiro
Direção de arte: Bruna Granucci
Pesquisa: Barbara Pettres e Heitor Caramez
Trilha sonora: Leonardo Aquino
Montagem e finalização: Rodrigo Amboni
Edição de áudio e mixagem: Heitor Caramez
Animação: Rodrigo John
Classificação indicativa: 14 anos | 85 minutos

Outras informações e entrevistas:
Heitor Caramez, diretor e roteirista: (48) 98419-4666
Barbara Pettres, assessoria de imprensa: (48) 99926-6429
https://docmeucaromichel.com/
https://www.instagram.com/docmeucaromichel

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