Mercadores da morte. Por Roberto Liebgott.

Foto: Instagram e YouTube Saltbae

Por Roberto Liebgott.

Filé mignon e ouro, combinação perfeita da ostentação das vaidades, da ganância e da perversão.

Os privilegiados e pervertidos não se sentem tocados pela dor e pela fome dos outros, porque nada desses sofrimentos lhes aflige.

A escravização da menina, do menino, não lhes importa, o estupro e o assassinato mais cruel, também não lhes causa qualquer comoção.

Pouco interessa, aos mercadores da morte, se clientes degustem o filé do boi criado sobre terras invadidas.

Também não lhes causa qualquer remorso o fato de o gado ser alimentado e regado com sangue indígena.

Tampouco os afeta que a extração do ouro gere contaminação, destruição e o fim dos ciclos das vidas ambientais e humanas.

As imagens mais devastadoras – difundidas durante a copa do mundo de futebol – foram as dos jogadores brasileiros e seus empresários deliciando-se com a carne enfeitada com ouro.

O ouro que motiva as terríveis cenas de crianças Yanomami em estado de absoluta desnutrição simboliza a opulência e profana o ato de alimentação.

A fome e a morte prematura dos Yanomami são resultantes da invasão criminosa dos garimpeiros, que extraem o ouro, mercadoria que deixa um rastro de morte.

O ouro e o sangue que ele representa se convertem em iguaria que se lança sobre o filé mignon para o deleite ganancioso e omisso dos integrantes da seleção.

Porto Alegre, RS, 11 de dezembro de 2022.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.

 

1 COMENTÁRIO

  1. Triste! Muito triste,
    enquanto cidadãos de bem, correm alucinados juntando gêneros, para montar cestas básicas para salvar alguns da fome. NÓS SOMOS TODOS IRMÃOS! PERANTE DEUS!

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