Por Fernando Brito.
Há uma certa Associação de Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo que divulga uma lista de sites que seriam “suspeitos” por trazerem noticiário político sem autoria definida; isto é, sob anonimato.
E, pasmem, este Tijolaço aparece – na péssima companhia de sites de direita e sem autoria definida – como sendo “anônimo”!!!
Me desculpem os doutores, eles podem ser especialistas em políticas públicas, mas lhes falta o mínimo de responsabilidade jornalística.
Até os mais renitentes trolls que este blog pacientemente suporta sabem que, em 99% dos casos, o autor é este cujo nome vai acima, em bom português.
Mandei e-mail e mensagem pelo Facebook e, depois de alguma renitência, tratando meu nome de batismo como “nickname” (apelido) pediram “provas” no site e retificaram, com uma errata e um pedido de desculpas.
Pois, então, que fique, se tiverem humildade, a lição que deveria ser abundante em minha profissão e anda tão escassa, sobretudo nas redes sociais: notícia e honra alheia exigem muita responsabilidade, verificação, trabalho, não “pegar uma lista” e publicar.
Isso pode ser o bastante para “lavajateiros” e “vazadores”, jamais para quem leva a sério a tarefa de informar e analisar.
De tudo, porém, saem coisas boas e, por conta deste caso, que a princípio me ofendeu e irritou, ganho o presente de ter sido avisado por um dos coleguinhas mais queridos no meio jornalístico, o Ivson Alves, e de ter tido a defesa no Facebook, sem que eu pedisse ou sequer comentasse o caso, de meu sempre professor e marco do jornalismo brasileiro, Nilson Lage, de quem vez por outra me aproprio de textos e quase sempre de pautas para desenvolver.
Com o perdão pelo que possa ter de cabotinismo, o reproduzo seu texto aqui:
Uma tal “Associação de Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo” insultou um amigo meu e aqui respondo em nome dele: divulgou em sua página no Facebook uma lista de portais ou sites da Internet que se dedicam a difundir notícias falsas, alcançando grande número de cliques. Nela incluiu o Tijolaço, de meu ex-aluno, o jornalista Fernando Brito.
Trata-se de calúnia.
O Tijolaço não é anônimo, como qualquer pessoa minimamente informada no meio jornalístico ou no meio político deveria saber – o que escapa ao primeiro critério de seleção, que é o anonimato. O editor frequentemente escreve em primeira pessoa e deixa claro que se trata de veicular interpretação e opiniões sobre os fatos.
Escapa, também, aos demais critérios: está registrado no Brasil (com.br); é feito com base em análises e comentários saídos na mídia (por ser obra de uma pessoa só, raramente publica notícias próprias); o layout não é poluído ou confuso; o nome não é parecido com nenhum outro; seu autor vive basicamente do que recebe pelos anúncios inseridos no blog, via Google, sem qualquer outro patrocínio.
Cogito quais seriam as razões da escolha.
Primeiro, algo típico da academia, a preocupação de aparentar isenção. Os sites listados inicialmente (em divulgação que teve repercussão grande) eram todos “de direita”, empenhados em campanhas de ódio. Como “pegou mal” – isto é, desagradou a estruturas de poder – , teriam cuidado de acrescentar às pressas um site anarquista e o do Fernando que é, de fato, um sucesso editorial.
Segundo, a discutível honestidade e rigor acadêmico da tal “Associação de Especialistas em Políticas Públicas” e de seus anônimos pesquisadores.
Grato pela defesa, professor, mais que pelos elogios. 58 anos de vida fazem a gente aprender, mesmo triste, a espanar o pó da ofensa – ainda que a creia involuntária – sabendo que nada pode grudar em quem tem a vida reta e o coração limpo.
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Fonte: Tijolaço.