Por Elaine Tavares.
Na minha rua mora um menino/homem/poeta/músico/anjo, nem sei o que é, de tantas coisas cheias de ternuras. Ele “perde” seu tempo a fazer brinquedos para a gurizada que ainda tem a rua de areia para viver a infância. Volta e meia chega um guri no portão chamando seu nome. “Faz uma flecha? Faz uma funda? Faz uma capa de batman? Faz uma pandorga? Arruma a bicicleta? Enche o pneu? Tem uma fita pra amarrar o escudo do capitão américa? Enche a bola? ” … É uma procissão! E ele, paciente, atende a todos os pedidos, gastando horas a cortar bambus, a inventar capas e outras maluquices.
Outro dia o seu irmão de alma encontrou um caminhãozinho de brinquedo jogado numa das trilhas do Campeche. Lá veio ele com o “lixo” para ser reaproveitado. A carroceria virou um presépio e as rodinhas ficaram largadas no chão. Pois o guri fazedor de coisas logo deu um destino para elas. Pregadas em um pedaço de tábua logo viraram um rolimã. E nessa manhã de sexta, calorenta demais, um piazito da Coruja Dourada saiu agarrado ao brinquedo, com os olhos cheios de aventuras.
Enquanto o outro ficou, com os olhos cheios de novas invenções, tão menino quanto o que saiu.