Megamanifestação em Wall Street

Pelo menos 300 pessoas foram presas nesta quinta-feira (17/11) em Nova York, em um dia marcado por uma série de manifestações do movimento Occupy Wall Street, que completou dois meses de existência ontem. De acordo com a polícia, mais de 30 mil pessoas saíram às ruas e marcharam sobre a Ponte do Brooklyn e outros pontos da cidade. Houve denúncias de violência policial contra manifestantes e jornalistas e sete agentes policiais ficaram feridos.

O momento é crucial para o movimento, que parece ter ganho mais apoio desde o desmantelamento do acampamento que mantinham no Parque Zucotti, localizado próximo a Wall Street, em Lower Manhattan. Na terça-feira (15/11) de madrugada, policiais — orientados pelo prefeito da cidade, Michael Bloomberg — cercaram o local e retiraram todos os pertences dos manifestantes. Jornalistas foram impedidos de registrar a operação, fato bastante criticado pela mídia norte-americana.

Ontem, manifestantes protestaram pela manhã perto da Bolsa de Valores de Nova York e gritaram slogans contra o poder do 1%, como é denominada a camada mais rica e poderosa da população. “Nosso sistema político deveria servir a todos, não somente os muito ricos e poderosos. Agora, Wall Street domina Washington”, reclamou Beka Economopoulos, uma manifestante, ao site oficial do movimento. “Nós somos os 99% e iremos demandar nossa democracia.”

Entre os presos está o policial aposentado Ray Lewis (foto ao lado), que viajou da Filadélfia até Nova York para exigir mudanças. Ele, que usava sua farda, foi levado preso durante as manifestações. Um vídeo que mostra um manifestante sangrando, enquanto é detido pela polícia, também causou revolta entre os manifestantes, que gritaram “O mundo inteiro está vendo”. Não há informações sobre o paradeiro do rapaz.

Além de Nova York, ao menos outras 30 cidades nos Estados Unidos também se manifestaram contra o sistema financeiro. Los Angeles, Las Vegas, Boston, Washington, Dallas e Portland protagonizaram grandes protestos e também registraram prisões. Ao redor do mundo, manifestantes na Itália, Espanha, Reino Unido, Grécia, entre outros, também foram às ruas.

Brooklyn

Cenário de um dos maiores enfrentamentos entre policiais e manifestantes em outubro, quando mais de 700 pessoas foram presas, a Ponte do Brooklyn se tornou nesta quinta-feira um dos maiores exemplo de força do Occupy Wall Street.

Logo após as 21h (de Brasília), milhares de pessoas saíram da Praça Foley, no coração do distrito financeiro, em direção à ponte. Os manifestantes, convocados também pelos principais sindicatos da cidade, levavam velas, vestiam camisetas com mensagens de protestos e cantavam palavras de ordem como “Whose Streets? Our Streets!” (“De quem são as ruas? São nossas”).

“A cidade e os governos não fizeram nada mais que piorar seu problema, pois agora os protestos vão explodir de maneira espontânea por todas as partes, em vez de se concentrar em um ponto como antes”, disse à Agência Efe um dos manifestantes, David Shield, que mostrava seu apoio ao Occupy na praça Zuccotti.

“Estamos aqui para que essas corporações se deem conta de que têm muito e nós não temos mais que o que nos deixam, as migalhas. Eu tenho dois trabalhos e, mesmo assim, quase não consigo pagar o aluguel”, disse à Efe o manifestante Francisco Acero.

Os protestos desta quinta-feira contaram com a presença de manifestantes de outras regiões dos EUA, como o jovem músico Tommy Doomsday, de 24 anos, que chegou a Nova York vindo de New Heaven (Connecticut). “Estou aqui porque quero que meus filhos tenham um futuro e não fiquem presos à escravidão da dívida”, disse.

Fonte: Ópera Mundi

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