A Reitoria da Unicamp e a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp repudiaram, por meio de notas, na sexta, 2 de junho, as declarações do professor da área médica da Unicamp, Paulo Palma, que fez declarações consideradas “desrespeitosas” e que exalam preconceitos sobre as cotas aprovadas na Universidade. As cotas etno-raciais foram aprovadas na última terça-feira, 30 de maio.
Depois de publicar uma mensagem acintosa em rede social citando o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, o médico um pouco desinformado sobre estudos de rendimento de alunos cotistas, diz que o “nível da produtividade” (SIC) da universidade tende a cair com as cotas.
Sob o falso manto do discurso ‘meritocrático’ e com pensamento positivista-mecanicista, Paulo Palma fez declarações assombrosas para alguém com o mínimo de formação acadêmica. “O vagabundo do Lula pega a divisão de classe (SIC), pega a juventude perdida (SIC) para buscar atalhos para vida real e acha que isso vai resolver problema do ensino no País. Estão dizendo Paulo Palma é assediador. Estou cantando e dançando para esses indivíduos que não têm currículo, tem discurso do blá, blá, blá, são laborfóbicos. Quando chegam às 9h à universidade estou lá desde 7h. A universidade é para a elite cultural do Brasil, não para vagabundo”, afirmou ao jornal Correio Popular. Outra declaração do professor é de que cotas significam troca de “cérebro por nádegas”.
Apesar da verborragia, o currículo lattes do professor é recheado de artigos técnicos, bem ao estilo do produtivismo brasileiro. Nada realmente de grande valor como um Nobel de Medicina. Entre os prêmios e títulos ele destaca o de membro honorário da “Sociedad Paraguaya de Urologia”.
Em nota, a direção da Faculdade de Ciências Médicas disse repudiar, com veemência, comentários desrespeitosos realizados por um membro do corpo docente.
Veja nota da Direção da Faculdade de Ciências Médicas
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp repudia, com veemência,
comentários desrespeitosos realizados por um membro do corpo docente, recentemente, em
rede social e matérias jornalísticas. Tais comentários ferem os valores universitários e os
objetivos de pluralidade e inclusão social, amplamente preconizados e difundidos pela
FCM, ao longo de sua história.
A FCM da Unicamp, em conjunto com a Reitoria, acompanha os desdobramentos dos
últimos acontecimentos, bem como a tomada das providências administrativas cabíveis.
Veja nota da Reitoria
A propósito das declarações de um docente da Unicamp ao jornal Correio Popular, em sua edição de 02 de Junho, sobre a aprovação do princípio de cotas étnico-raciais pelo Conselho Universitário, a reitoria esclarece o seguinte:
1- A reitoria repudia a linguagem e o tom adotados pelo referido docente, incompatíveis com o debate qualificado das ideias no ambiente acadêmico e com o respeito que a sociedade merece.
2 – A reitoria reafirma o seu compromisso com o avanço da inclusão social e étnico-racial, com garantia da excelência acadêmica, o que vem sendo discutido em um ambiente de ampla participação da comunidade e órgãos institucionais, mediante o respeito à diversidade de ideias.
3 – A Unicamp pratica, respeita e defende a liberdade de expressão como valor inalienável de uma sociedade democrática, mas não tolera manifestações que firam os princípios de respeito à dignidade da pessoa e aos seus direitos fundamentais, não aceitando tratamento desigual por motivo de preconceito, conforme explicitado em sua missão institucional.
4- Diante disso, a reitoria tomou as providências cabíveis de acordo com as normas e regulamentos estabelecidos no regimento da Universidade.
Fonte: Carta Campinas
Foto: Reprodução/Facebook