A média móvel de mortes nos últimos sete dias voltou a crescer depois de 15 dias em queda. É o que aponta levantamento do consórcio de veículos da imprensa comercial, que registrou 971 mortes em decorrência da covid-19 nas últimas 24 horas, elevando a média móvel de óbitos para 1.915. Desde março até o dia 10 de maio, o Brasil vinha registrando média superior a 2 mil vidas perdidas por dia. O número, contudo, vinha caindo desde 1º de maio, mas voltou a subir neste domingo (16). Na véspera, a média chegou a 1.910 mortes, ligeiramente menor do que o registrado na sexta, com 1.913. E ainda mais baixa do que a média da segunda-feira (10), de 2.083 óbitos.
Na comparação com os dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), utilizados pela RBA, as informações divergem um pouco em função do horário em que são repassadas pelos estados aos veículos. Neste domingo, por exemplo, o Conass registrou 1.036 vidas perdidas em decorrência da doença. Com isso a média móvel de morte nos últimos sete dias fechou em 1.916, também acima dos dias anteriores. Foram 1.914 mortes até o dia 15 e 1.931 na quinta (14).
De acordo com o cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt os dados sobre a evolução da pandemia no país preocupam e indicam uma “reversão de tendência de queda”.
Casos voltam a subir
“Que é o movimento em que temos uma velocidade de queda que vem desacelerando até que vira uma estabilização pós-queda. Mas depois, se continuamos fazendo essa energia de mais casos e casos, cada caso acaba infectando outras pessoas. O que traz outros casos e isso vira uma bola de neve. Volta a subir e aí, logo em seguida, também acaba impactando em mais mortes. Inclusive agora até mais rápido do que anteriormente, porque estamos com os hospitais no limite”, adverte o cientista em entrevista a Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual.
Onda da covid é gigante no Brasil
Segundo ele, ao contrário da Europa, o Brasil registra uma “onda gigante, que dá algumas arrefecidas, mas é uma onda gigante e que volta cada vez maior e mais rápida justamente pela quantidade de casos”. Isso ocorre, acrescenta Schrarstzhaupt, devido à ausência de medidas de isolamento e distanciamento social, que não são adotadas no país.
“Nós deixamos o Brasil chegar num estado muito ruim. Estamos numa situação que podemos chamar de gelo fino, em que com qualquer passo que pisarmos errado podemos cair porque é muito arriscado. (…) Já estamos atrasados (em agir), porque estamos em um nível muito alto. O correto mesmo seria fazer uma restrição para baixar esse número de casos até que as vigilâncias epidemiológicas e de saúde das cidades conseguissem controlar as pessoas com testes. Entendendo onde estão os casos ativos, os contactantes, e isolando essas pessoas para evitar a propagação. Hoje, da maneira que está o Brasil, não tem controle para evitar a doença”, conclui o cientista de dados.