Mauricio Macri, a escola e sua mãe

Por Débora Mabaires, para Desacato.info.

Tradução: Elissandro Santana, para Desacato.info. (Port./Esp.)

Esta semana, o governo de Mauricio Macri seguiu empurrando até o abismo a milhões de pessoas. Agora crava seu tridente no povo através do setor educacional.

Devemos saber de onde viemos para entender onde estamos indo. Os governos de Néstor e Cristina Kirchner construíram 1736 escolas públicas em todo o país. O governo atual não só não constrói escolas: as fecha.

Desde a sua posição como chefe de governo da Cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri vem trabalhando sistematicamente em um plano para destruir a escola pública, ao mesmo tempo em que faz discursos sobre o desafio de adquirir treinamento e conhecimento para os postos de trabalho do futuro.

Tampouco ele construiu escolas durante seus dez anos de governo na cidade mais rica do país e usou recursos públicos para financiar escolas privadas.

O mesmo modelo privatizador é aquele que lidera como presidente.

A governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, e o atual chefe de governo da Cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, seguem os mesmos passos com precisão. Eles não criam escolas e fecham algumas dos existentes nos lugares que mais precisam delas.

mauricio Macri e a governadora de Buenos Aires María Eugenia Vidal. Foto Matias Repetto-gv/GCBA.-

Dez dias antes de iniciar o ano letivo, eles geraram um conflito salarial docente e procederam ao fechamento de cursos e estabelecimentos educacionais. Milhares de famílias são afetadas por essas medidas.

A Villa 31 está no bairro de Retiro, na cidade de Buenos Aires, desde o primeiro assentamento, chamado “Villa Desocupación” em 1931. A população foi assediada para deixar o lugar desde então e Mauricio Macri parece ter abandonado a pressão violenta sobre seus habitantes, para proceder a um processo de gentrificação mais sutil, como fez em outros bairros portenhos.

A Villa está a poucos metros de dois dos bairros mais caros da cidade, muito perto do Rio da Prata, nas proximidades de rodovias, grandes avenidas, estações de trem, metrô e ônibus de longa distância, o que dá ao bairro um potencial imensurável de negócio imobiliário.

Que tenham demolido as três escolas que educaram as crianças dos 40 mil habitantes da favela não é um problema menor, já que as famílias com renda limitada devem investir dinheiro ao viajar para o estabelecimento educacional mais próximo, a uns 3,5 km do seu bairro. O mesmo não é uma escola em si, mas um conjunto de contêineres metálicos modificados com portas e janelas para servir como sala de aula.

Menos afortunados foram os habitantes das ilhas do Delta do Paraná na província de Buenos Aires, onde a governadora María Eugenia Vidal acaba de fechar as escolas das ilhas, obrigando todas as crianças a viajarem até as escolas localizadas no continente. O aumento de combustível pelas tarifas dolarizadas torna o custo da viagem imprevisível para uma família humilde da ilha que vive da venda do que dificilmente produz: cesto, algumas frutas e vegetais, artesanato, lenha.

Algumas crianças da ilha que costumavam viajar em um barco por 20 minutos, agora terão que viajar uma hora para chegar à escola mais próxima. Ao descer do barco, eles devem atravessar colinas e córregos a pé para chegarem ao seu destino.

Nem é casual: as ilhas do Delta estão na mira dos construtores imobiliários que contribuem para a campanha presidencial de Maurício Macri e parceiros em alguns empreendimentos comerciais, razão pela qual eles estão perseguindo com o Estado as famílias da ilha: exigem-lhes planos e levantamento de terras, lhes aplicam multas se não tem esses documentos, e agora, lhes tiram as escolas para os filhos.

A governadora Vidal também fechou 39 escolas rurais em toda a província de Buenos Aires. Escolas públicas atendidas pelos filhos dos peões dos campos, o que implica que muitos deixarão de estudar para ajudarem os pais. Se eles tiverem sorte, poderão ser contratados, precariamente, pelos chefes.

Todas essas crianças, se não puderem provar sua escolaridade, também perderão o pouco dinheiro que lhes concede a atribuição universal para crianças – AUH.

Um governo de proprietários de terras e de empresários poderosos que empregam precariamente os pais, ao negar a educação aos seus filhos, garante uma segunda geração de funcionários que serão submissos e não reivindicarão direitos trabalhistas. Desta forma, estarão dispostos a trabalhar por menos dinheiro e em pior situação, uma vez que o Estado, com suas leis,exige o Ensino Médio para qualquer trabalho.

A filha de um banqueiro relacionado com a tomada de dívidas e de alguns negócios excusos há vinte anos é hoje Ministra do Desenvolvimento Social. Carolina Stanley é quem acabou por apertar a última corda no pescoço dos mais humildes: somente aqueles que têm uma educação secundária completa poderão continuar acessando os programas de trabalho social do governo. Mais de 60% dos beneficiários não completaram esses estudos, por isso, se eles querem manter esse emprego precário, devem completá-los.

Enquanto ela estava fazendo esse anúncio, o governo fechava escolas para adultos.

A preocupação do núcleo governante é poder fazer tudo isso, sem levantar alvoroço, algo que eles conseguem com o escudo que o poder judiciário e os meios de comunicação lhes oferecem.

Talvez, por isso, o presidente e seus comparsas, se sientem mortificados toda vez que em algum evento esportivo ou cultural, o público, massivamente, começa um canto em coro que faz lembrar, de maneira pouco elegante, a mãe de Mauricio Macri.


Mauricio Macri, la escuela y su mamá

Por Débora Mabaires, para Desacato.info.

Esta semana el gobierno de Mauricio Macri continuó empujando hacia el abismo a millones de personas. Ahora pincha su tridente en el pueblo a través del sector educativo.

Hay que saber de dónde venimos para entender hacia dónde vamos. Los gobiernos de Néstor y Cristina Kirchner habían construido 1736 escuelas públicas en todo el país. El gobierno actual no sólo no construye escuelas: las cierra.

Desde su puesto como jefe de gobierno de la Ciudad de Buenos Aires, Mauricio Macri ha venido trabajando sistemáticamente en un plan de destrucción de la escuela pública, mientras hacía discursos sobre el desafío de adquirir capacitación y conocimientos para los empleos del futuro.

Tampoco construyó escuelas durante sus diez años de gobierno en la ciudad más rica del país, pero utilizó recursos públicos para financiar a las escuelas de gestión privada.

El mismo modelo privatizador es el que está  llevando adelante como presidente.

La gobernadora de la provincia de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, y el actual jefe de gobierno de la Ciudad de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, siguen sus mismos pasos con precisión. No construyen escuelas y cierran algunas de las existentes en los lugares que más las necesitan.

Diez días antes de comenzar el ciclo lectivo, generaron un conflicto salarial docente y procedieron a cerrar cursos y establecimientos educativos. Miles de familias se ven afectadas por estas medidas.

La Villa 31 está en el barrio de Retiro en la Ciudad de Buenos Aires desde el primer asentamiento, llamado “Villa Desocupación” en el año 1931. La población viene siendo hostilizada para que abandone el lugar desde entonces y Mauricio Macri parece haber abandonado la presión violenta sobre sus habitantes para proceder a realizar un proceso de gentrificación más sutil, tal como realizó en otros barrios porteños.

La Villa está a pocos metros de dos de los barrios más caros de la ciudad, muy cerca del río de la Plata, lindera a autopistas, grandes avenidas, estaciones de tren, subte y micros de larga distancia, lo que le da al barrio un potencial negocio inmobiliario inconmensurable.

Que hayan demolido las tres escuelas que educaban a los niños de los 40.000 habitantes de la villa no es un tema menor, ya que, ahora, las familias con sus escasos ingresos, deberán invertir dinero en viajar hasta el establecimiento educativo más cercano, a unos 3,5 km de su barrio. El mismo no es una escuela en sí. Es un conjunto de contenedores de chapa modificados con puertas y ventanas para hacer las veces de aula.

Menos suerte tuvieron los habitantes de las islas del Delta del Paraná en la provincia de Buenos Aires, donde la gobernadora María Eugenia Vidal acaba de cerrar las escuelas de las islas, obligando a todos los niños a viajar hasta las situadas en el continente. El aumento de combustible por las tarifas dolarizadas hace que el costo del viaje sea imprevisible para una humilde familia isleña que vive de la venta de lo que a duras penas produce: cestería, algunas frutas y verdura, artesanías, leña.

Algunos  niños isleños que antes viajaban en una lancha 20 minutos ahora deberán viajar una hora para llegar a la escuela más cercana. Al bajar de la embarcación, deberán atravesar montes y arroyos a pie para poder llegar a destino.

Tampoco es casual: las islas del Delta están en la mira de los constructores inmobiliarios aportantes de la campaña presidencial de Mauricio Macri y socios en algunos emprendimientos comerciales, razón por la que están persiguiendo con el Estado a las familias isleñas:  les exigen planos y agrimensura de su parcela, les aplican multas si no los tienen, y ahora, les quitan las escuelas para sus hijos.

La gobernadora Vidal, además, cerró 39 escuelas rurales en toda la provincia de Buenos Aires. Escuelas públicas a las que concurren los hijos de los peones de los campos, lo que implica que muchos dejarán de estudiar para ayudar a sus padres. Si tienen suerte, tal vez los contrate, en forma precaria, el patrón.

Todos estos niños, si no pudieran acreditar la escolarización, perderán también los pocos pesos que les otorga la Asignación Universal por Hijo – AUH.

Un gobierno de terratenientes y poderosos empresarios que precariza laboralmente a los padres, mientras les niega la educación a los hijos, garantiza una segunda generación de empleados que serán sumisos y no reclamarán derechos laborales. Que estarán dispuestos a trabajar por menos dinero y en peores condiciones, ya que el Estado, con sus leyes, obliga a tener el secundario aprobado para cualquier empleo.

La hija de un banquero relacionado con la toma de deuda y algunos negocios turbios hace veinte años es hoy ministra de Desarrollo Social. Carolina Stanley es quien termina de apretar el lazo sobre el cuello de los más humildes: sólo podrán seguir accediendo a los programas laborales sociales del gobierno aquellos que tengan escolarización secundaria completa. Más del 60% de los beneficiarios no lograron completar estos estudios. Si quieren conservar ese trabajo precario, deberán completarlos.

Mientras ella hacía este anuncio, el gobierno cerraba escuelas para adultos.

La preocupación del núcleo gobernante es poder hacer todo esto sin levantar alboroto, algo que logran con el blindaje que les brinda el poder judicial y los medios de comunicación.

Tal vez por eso, el presidente y su entorno se sienten mortificados cada vez que en algún evento deportivo o cultural, el público masivamente comienza a corear un canto que recuerda, de manera poco elegante,  a la mamá de Mauricio Macri.

 

Revisión español y portugués: Tali Feld Gleiser.

[avatar user=”Debora Mabaires” size=”thumbnail” align=”left” link=”attachment” target=”_blank” /]Débora Mabaires é cronista e mora em Buenos Aires.

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