Matadores de índios: Como agem os neo-bugreiros no Sul do Brasil

neobugreiros

Bugreiros é o nome pelo qual ficaram conhecidos os indivíduos especializados em atacar e exterminar indígenas brasileiros e que eram contratados pelos colonos imigrantes e pelos governos provinciais do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O termo se origina da palavra bugre, como eram conhecidos pejorativamente os indígenas do sul do Brasil. Atualmente eles continuam agindo com outras armas. Entenda como pensam e o que fazem os neo-bugreiros.

Você sabe por que indígenas foram chamados de bugres?

Entre 1203 e 1244 a Europa viveu uma disputa entre vertentes do cristianismo, onde ou se seguia a religião professada pela Igreja Católica centralizadora, ou religiões descentralizadas, que a Igreja julgava como “hereges”. Assim iniciou o famoso período da Inquisição.

O Leste europeu, na região dos Balcãs, uma corrente religiosa tomou força e convencia cada vez mais pessoas a seguir o bogomilismo, que era uma seita gnóstica cristã fundada durante o Primeiro Império Búlgaro pelo padre Bogomilo durante o reinado de Pedro I da Bulgária no século X. Surgida provavelmente em torno do que hoje é a Macedônia.

A Igreja e seus Papas ordenavam os Reis a perseguirem os “hereges”, e o movimento de resistência aumentava a cada batalha.

Em busca de purificação, igualdade social, os gnósticos inicialmente da Bulgária ganharam o norte da Itália e sua religião se espalhou pelo sul da França. Diante desta situação crítica para a Igreja Católica, o Papa convocou uma guerra contra os gnósticos que eram conhecidos como “puros”, “castos”, vindo a ser chamados de Cátaros, os revolucionários.

Em 1203, o rei da França, Roberto II, a pedido da Igreja, mandou queimar na fogueira os primeiros Cátaros, crimes que foram se reproduzindo em outros reinados, episódio da história conhecida como Cruzada Contra os Cátaros.

Mas o que isto teria a ver com os indígenas do sul do Brasil?

Após as guerras iniciadas por Napoleão (1803 a 1815) para derrubar as monarquias na Europa, uma grave crise econômica se abateu pelo continente fazendo com que muitos italianos e alemães fossem convidados a aventurarem-se na busca de um novo lugar para viverem. Este lugar era o sul do Brasil, que também vinha sofrendo com as guerras separatistas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para frear os separatistas o Império do Brasil não queria mais trazer portugueses, pois tinham acabado de proclamar a independência, e buscaram outros povos da Europa.

As famílias imigrantes que chegaram no sul, já sem a Revolução Farroupilha e Juliana, ocuparam o território que lhes havia sido entregue como sem não houvessem ocupantes.

Porém, na região, desde milhares de anos até atualmente, viveram e vivem famílias nativas, pessoas com tradições e línguas não-europeias, que não haviam sido escravizadas pelos primeiros colonizadores, e que defendiam seu território ancestral e seu modo de vida. Estes são chamados hoje de povos indígenas. Os dados arqueológicos apontam que os indígenas estão nas terras sulamericanas há milhares de anos.

Os italianos e alemães temiam aquelas pessoas que, aos olhos europeus, assemelhavam-se aos gnósticos, “hereges” para o Papa, cátaros para os franceses, seguidores do bogomilismo, aqueles que surgiram na bulgária e, por isso, chamados de búlgares, ou bugres.

Bugreiros no sul do Brasil

Com o interesse de fazer uma nova inquisição e assassinar os “inimigos” da Igreja, os colonizadores europeus recém chegados (por volta de 1830), contrataram ex-combatentes imperiais nas guerras separatistas para aniquilar os nativos. Estes homens (mercenários, soldados contratados), caçaram as pessoas que hoje têm seus direitos reconhecidos e garantidos pela Constituição Federal de 1988: Guarani, La Klãnõ (Xokleng), Kaingang, Charrua, Xetá, entre outros que não sobreviveram aos milhares de massacres.

Perceba-se que nenhuma das etnias indígenas do sul do Brasil ainda solicitou investigação e reparação pelos crimes cometidos pelos colonizadores contra seus familiares. A única demanda deles é a demarcação de suas Terras Indígenas.

Um dos assassinos de indígenas mais conhecido foi Martinho Bugreiro.

Bugreiro-1Porém, a história que pensava-se estar no passado ainda persiste no sul do Brasil, agora com novas armas.

Estamos falando da imprensa golpista e elitista da região sul, que afilia-se a não menos golpista Rede Globo: a Rede Brasil Sul de Comunicação – RBS.

Em termos de propriedade direta de veículos, o grupo fundado no Rio Grande do Sul é a terceira maior organização de mídia privada do Brasil. São 57 veículos entre rádios, emissoras de TV e jornais. Possui também negócios na área de TV por assinatura, internet, mercado editorial e indústria fonográfica. O alcance real de seus produtos concentrada exclusivamente nos estados de RS e SC.

rbs-globo1Neo-bugreiros

A empresa de comunicação RBS sempre esteve no comando político, reproduzindo a Rede Globo, passando aos leitores e telespectadores as versões da elite financeira regional, conhecida também como coronéis do sul, reunidos entre proprietários, industriais, maçons e ruralistas.

Dos três senadores do Rio Grande do Sul, dois são funcionários do Grupo RBS que atuavam como comentaristas políticos defendendo pautas ruralistas: Ana Amélia Lemos (PP) e Lasier Martins (PDT).

Em Santa Catarina o principal comentarista político se chama Moacir Pereira, conhecido como “xereta dos três poderes”, e ainda, “Pau Mandado da RBS”.

Moacir-Pereira-1Pereira é considerado anti-indígena e porta voz de tudo que há de mais retrógrado no estado. Sua coluna diária reverbera por vários jornais do Grupo RBS desinformando todas as regiões do estado.

O pseudo-jornalista Pereira perseguiu diariamente os temas relacionados à Terra Indígena Morro dos Cavalos, Palhoça, SC, que virou tema nacional por situar-se em região montanhosa por onde passa a BR-101 e atualmente se debate a passagem da Ferrovia Litorânea Sul. Uma das reportagens mais caluniosas foi a Terra Contestadade 2014.

Um dos maiores interessados nesta ferrovia é a Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina – FIESC, que promove debates e reuniões sobre o tema do desenvolvimento econômico no estado e sempre posiciona-se como neo-bugreiro pressionando o governo do estado e federal a não demarcar Terras Indígenas e a retirar as famílias de suas aldeias e colocá-las em locais não-tradicionais.

O que pensam os neo-bugreiros?

Descendentes dos colonizadores que fugiram da fome na Europa pós-guerras napoleônicas, estes neo-bugreiros continuam com as mesmas práticas de seus avós: aniquilar todos os que consideram hereges.

Na Idade Média na Europa eles matavam os hereges da religião propalada pela Igreja Católica, mas atualmente eles se converteram à outra religião, a Igreja do Capital. Tudo que for necessário fazer para garantir recursos para suas próprias famílias, não tenha dúvidas de que farão.

Em reunião na sede da FIESC em 29 de julho de 2015, com presença de empresários, políticos e representantes governamentais, salientando que nenhum indígena foi convidado, eles debateram o futuro da Ferrovia Litorânea Sul e pressionaram DNIT e FUNAI a “resolver” os atrasos.

FiescFoi claramente explicado pelo DNIT e FUNAI que há regras de licenciamento socioambiental a serem seguidas e que estão sendo cumpridas, porém pouco caso foi feito pelos presentes ao receberam as informações.

O neo-bugreiro Moacir Pereira já havia desinformado à população por meio de sua coluna diária que o problema do atraso seria a FUNAI e os indígenas, o que em realidade não se trata disso. O estudo do Componente Indígena não foi realizado e nem a FUNAI nem os indígenas se posicionaram processualmente, pois o DNIT, responsável pela obra, tem ainda de contratar equipe para realizar os estudos socioambientais. A FUNAI aguarda desde 2013 que seja apresentado um Plano de Trabalho para início dos estudos.

neobugreiros-2Mesmo com estes esclarecimentos em reunião, no dia seguinte o calunista Moacir Pereira voltou a desinformar a população. Desta vez dizendo que a ferrovia “encontra resistência intransponível da Funai” que teria apresentado um projeto “lunático e inviável”.

Vários presentes pressionaram a FUNAI para retirar os indígenas da etnia Guarani da região, inclusive o primeiro vice-presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, afirmou que “os indígenas têm que entender que estão emperrando o desenvolvimento econômico de todos os catarinenses”. Claramente os empresários do estado são anti-indígenas e não reconhecem os primeiros habitantes e verdadeiros donos da terra como catarinenses.

Este é um exemplo apenas, uma fotografia, do que os povos indígenas viveram e vivem no sul do Brasil até hoje. Passou a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande.

Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2015/07/30/ferrovia-o-projeto-lunatico-e-inviavel-da-funai/?topo=67,2,18,,,67

http://fiesc.com.br/noticia/questao-indigena-e-burocracia-podem-inviabilizar-ferrovia-litoranea

O Indigenista.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.