Por Marcelo Luiz Zapelini, para Desacato.info.
A 24ª edição da Romaria da Terra e das Águas em Santa Catarina chamou atenção para a preservação do bioma Mata Atlântica, que ocorre em todo o estado, mas está ameaçado pelo agronegócio e pela especulação. O evento reuniu cerca de nove mil pessoas em Pescaria Brava, neste domingo, 10.
“Estamos criando um deserto verde ao nosso redor porque o lucro é mais importante do que a vida”, resumiu o bispo de Tubarão dom João Francisco Salm, durante a missa campal.
Estes “desertos” formados por eucaliptos ou pinus, são plantações de só um tipo de árvores destinadas para a produção de celulose, madeira ou carvão vegetal e ou para as commodities.
O modelo causa erosão e redução ou eliminação da biodiversidade, envenenamento do solo, da flora local; as nascentes secam, o lençol freático é sugado, a concentração fundiária aumenta.
A coordenadora nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) alertou que o agronegócio também ameaça o bioma. Além do já conhecido uso extensivo de agrotóxicos e da monocultura, a “estrangeirização das terras” é uma nova fronteira no “modelo de morte”.
Nesse modelo, pontuou a Sem Terra, “querem vender nossas terras para a China, os EUA e o Japão, enquanto nós lutamos por um pedacinho de chão”. Além disso, a venda da Eletrobras esconde outro aspecto nefasto, disse: “não é só a energia elétrica, é a água que eles estão vendendo”.
Como alternativa, ela defendeu a agroecologia. “É outro modo de vida, não é só não passar veneno. É um novo modelo de relação da natureza, com os animais e entre os seres humanos. Um modelo em que não há exploração de uma pessoa sobre a outra”, explicou.
Ações concretas
Uma das opções para a mudança do modelo é a mudança no consumo e aproximação entre consumidores e produtores rurais, considerados co-produtores.
O objetivo da Campanha Setembro Verde, instituída por lei estadual e em alguns municípios catarinenses, é incentivar as pessoas a adotarem um comportamento de consumo ecologicamente sustentável e responsável. Uma das questões que a campanha defende é que consumidores e produtores busquem a diversidade das sementes em contraponto às sementes modificadas oferecidas por multinacionais.
Como gesto concreto, os romeiros devem envolver-se e divulgar o Projeto Rios Santa Catarina, que visa o diagnóstico, recuperação, preservação e fiscalização de trechos dos rios.
As comunidades devem organizar atividades como visitas aos rios, formação de monitores, ações de limpeza e conservação, conscientização de crianças e jovens.
A atividade central das equipes formadas é adotar trechos dos rios e córregos e realizar visitas mensais a eles.
A expectativa é reverter o atual quadro de degradação. Os agrotóxicos, mineração e esgoto já comprometeram 65% dos rios catarinenses. Além disso, 11 rios em SC estão em situação de emergência embora o estado não sofra com estiagem prolongada.
Fatos sobre a Mata Atlântica
O bioma Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 km2 e estendia-se originalmente ao longo do que hoje são 17 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Hoje, restam apenas 8,5% da Mata Atlântica originária em áreas acima de cem hectares; 12,5% se somados todos os fragmentos acima de três hectares.
Vivem na Mata Atlântica mais de 20 mil espécies de plantas, sendo oito mil endêmicas (que existe somente em uma determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 306 répteis; 475 anfíbios; 350 peixes.
Estão ali grandes bacias hidrográficas que regulam os mananciais hídricos, controlam o clima e são fonte de alimentos e plantas medicinais, além de guardar o 2º maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta, o Aquífero Guarani.
A 24ª edição da Romaria da Terra e das Águas em Santa Catarina chamou atenção para a preservação do Bioma Mata Atlântica, que ocorre em todo o estado, mas está ameaçado pelo agronegócio e pela especulação. O evento reuniu cerca de nove mil pessoas em Pescaria Brava, neste domingo, 10.
“Estamos criando um deserto verde ao nosso redor porque o lucro é mais importante do que a vida”, resumiu o bispo de Tubarão dom João Francisco Salm, durante a missa campal.
Estes “desertos” formados por eucaliptos ou pinus, são plantações de só um tipo de árvores destinadas para a produção de celulose, madeira ou carvão vegetal e ou para as commodities.
O modelo causa erosão e redução ou eliminação da biodiversidade, envenenamento do solo, da flora local; as nascentes secam, o lençol freático é sugado, a concentração fundiária aumenta.
A coordenadora nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) alertou que o agronegócio também ameaça o bioma. Além do já conhecido uso extensivo de agrotóxicos e da monocultura, a “estrangeirização das terras” é uma nova fronteira no “modelo de morte”.
Nesse modelo, pontuou a Sem Terra, “querem vender nossas terras para a China, os EUA e o Japão, enquanto nós lutamos por um pedacinho de chão”. Além disso, a venda da Eletrobras esconde outro aspecto nefasto, disse: “não é só a energia elétrica, é a água que eles estão vendendo”.
Como alternativa, ela defendeu a agroecologia. “É outro modo de vida, não é só não passar veneno. É um novo modelo de relação da natureza, com os animais e entre os seres humanos. Um modelo em que não há exploração de uma pessoa sobre a outra”, explicou.
Ações concretas
Uma das opções para a mudança do modelo é a mudança no consumo e aproximação entre consumidores e produtores rurais, considerados co-produtores.
O objetivo da Campanha Setembro Verde, instituída por lei estadual e em alguns municípios catarinenses, é incentivar as pessoas a adotarem um comportamento de consumo ecologicamente sustentável e responsável. Uma das questões que a campanha defende é que consumidores e produtores busquem a diversidade das sementes em contraponto às sementes modificadas oferecidas por multinacionais.
Como gesto concreto, os romeiros devem envolver-se e divulgar o Projeto Rios Santa Catarina, que visa o diagnóstico, recuperação, preservação e fiscalização de trechos dos rios.
As comunidades devem organizar atividades como visitas aos rios, formação de monitores, ações de limpeza e conservação, conscientização de crianças e jovens.
A atividade central das equipes formadas é adotar trechos dos rios e córregos e realizar visitas mensais a eles.
A expectativa é reverter o atual quadro de degradação. Os agrotóxicos, mineração e esgoto já comprometeram 65% dos rios catarinenses. Além disso, 11 rios em SC estão em situação de emergência embora o estado não sofra com estiagem prolongada.
Fatos sobre a Mata Atlântica
O bioma Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 Km e estendia-se originalmente ao longo do que hoje são 17 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Hoje, restam apenas 8,5% da Mata Atlântica originária em áreas acima de cem hectares; 12,5% se somados todos os fragmentos acima de três hectares.
Vivem na Mata Atlântica mais de 20 mil espécies de plantas, sendo oito mil endêmicas (que existe somente em uma determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 306 répteis; 475 anfíbios; 350 peixes.
Estão ali grandes bacias hidrográficas que regulam os mananciais hídricos, controlam o clima e são fonte de alimentos e plantas medicinais, além de guardar o 2º maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta, o Aquífero Guarani.
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Imagem: Diocese de Caçador.