As AFP chilenas são as Administradoras dos Fundos de Pensões, que não são mais do que instituições financeiras privadas encarregadas de administrar os fundos e poupanças da previdência dos trabalhadores chilenos. Foram criadas em 1980, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet; quem, através de um decreto de lei, reformou o sistema de previdência transformando-o num sistema de capitalização individual. Antes disso, existia um sistema de partilha que era administrado por caixas de previdência, através das quais se cotizavam os contribuintes e se entregavam as prestações correspondentes. Esse sistema foi mantido apenas para as Forças Armadas e Carabineros (Polícia Militar Chilena).
O grande escândalo é que, logo de 35 anos deste sistema “revolucionário,” os grandes beneficiados não têm sido exatamente os trabalhadores, e sim as empresas administradoras. Dados da Comissão Bravo, responsável por fazer um diagnóstico do atual sistema chileno de pensões, demonstram que os primeiros trabalhadores que contribuíram desde o princípio com esse sistema, que deverão se aposentar entre os anos 2025 e 2035, não receberão, em média, mais do de 15% do valor mensal com o qual contribuiram nos últimos 10 anos. Além disso, existe uma grande diferença entre as pensões que recebem as mulheres e aquelas recebidas pelos homens, com prejuízo destas.
As AFP chilenas são a grande apologia ao sistema neoliberal que foi implementado à força pelo violento regime do Pinochet. Hoje, em Santiago e em todo o país, milhares de pessoas saíram às ruas para reclamar o direito a uma velhice digna, onde seja possível viver em um lugar de simplesmente sobreviver. Os cidadãos autoconvocados saíram para demonstrar sua indignação frente ao sistema injusto das AFPs, que se vale do trabalho de uma vida inteira de milhares de chilenos para garantir o lucro de bancos e empresários.
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Fonte: Mídia NINJA