Convidamos todos e todas para esta atividade( abaixo) , amanhã, quarta feira, na FAED/UDESC, participar deste lançamento de livro seguido de roda de conversa com cacique da TI Mangueirinha (Povo Kaingang). mesmo com a greve de ônibus, o eventos erá mantido, e procuraremos oferecer caronas aos que vierem ao Itacorubi.
Livro põe o dedo na ferida de uma velha “doxa” do mundo intelectual: aquela que coloca em lados opostos do ringue “marxistas” e “antropólogos”
Por Hugo Albuquerque, em O Descurvo
Marx Selvagem, vetusta tese de doutorado de Jean Tible, finalmente deveio livro. Seu lançamento, no Teatro Oficina da trupe do antropofágico Zé Celso Martinez Corrêa, foi uma feliz escolha para uma obra desse naipe – e tornou-se, no fim das contas, um verdadeiro acontecimento em Novembro último. Tible lançou um olhar sobre um Marx menor – em contraste com um Marx grandioso, civilizado e arrogante – que se revela, não por acaso, na virada dada pelo filósofo alemão na compreensão do colonialismo e das chamadas sociedades sem classes: isto é, quando Marx se livra, ou tenta se livrar, do paradigma ilumino-modernista, algo que no plano conceitual se dá na forma de seu afastamento definitivo da filosofia da consciência hegeliana rumo a uma ontologia do sensível, no qual a temática da subjetividade torna-se horizonte visível.
A opção do autor pela problemática do pensamento marxiano face aos selvagens é uma curiosa, e pertinente, forma de abordar essa transição de Marx, justamente pelo significado disso no plano das lutas. A escolha de Tible, quando este poderia simplesmente optar por discutir os desdobramentos ontológicos desse processo, é reveladora do seu ímpeto político e iconoclasta. Em algo, ele ecoa o espírito de obras como a Anomalia Selvagem de Toni Negri, isto é, fazer justiça com as próprias mãos contra a apropriação majoritária e civilizatória de um grande pensador – no caso de Negri, Spinoza, enquanto aqui, Marx. É, pois, uma proposta original e audaciosa, que merece ser lida — e, obviamente, deglutida da melhor forma.