A ex-senadora Marina Silva (Rede), pré-candidata à presidência da República, voltou atrás e apagou uma postagem em que explorava e associava a morte de Marielle Franco à recém-lançada série da Netflix “O Mecanismo”.
“Todos sabemos: o dinheiro que remunera o crime é o mesmo que financia o arbítrio policial, as milícias e grupos de extermínio. E todos estão ligados aos propinodutos da corrupção. Seremos capazes de desmontar o mecanismo?”, havia postado Marina na sexta-feira (23) junto a uma imagem da psolista executada no dia 14, usando ainda a hashtag oficial da série, #OMecanismo.
Na noite de sábado (24), no entanto, diante das milhares de críticas de internautas à infeliz associação, a ex-senadora publicou um novo tuíte anunciando que apagou a primeira postagem e agradecendo aqueles que “chamaram a atenção pelo sentido distorcido da arte publicada”.
“Agradeço a todas as pessoas que chamaram a atenção pelo sentido distorcido da arte publicada com o artigo, porque nem Marielle e nem o filme devem ser vítimas dessa distorção. Retiramos a arte e mantivemos o texto”, postou, sem incluir qualquer tipo de pedido de desculpas.
Agradeço a todas as pessoas que chamaram a atenção pelo sentido distorcido da arte publicada com o artigo, porque nem Marielle e nem o filme devem ser vítimas dessa distorção. Retiramos a arte e mantivemos o texto.
— Marina Silva (@MarinaSilva) March 24, 2018
A série em questão que Marina fez propaganda com a imagem de Marielle é uma produção de Elena Soarez e José Padilha. Apesar de se tratar de uma ficção, a trama aborda o “combate à corrupção” e é baseada em um livro sobre o juiz Sérgio Moro e a operação Lava Jato, com evidentes intenções antipetistas. A série chega até mesmo a reproduzir a fala do senador Romero Jucá sobre o “grande acordo nacional” associando-a ao grupo que representaria, na trama, o PT e os aliados do ex-presidente Lula.
#MarinaVoltaAtrás novamente
Não é de hoje que a ex-senadora cede à pressões virtuais e muda seu discurso. Em 2014, durante sua campanha como candidata à presidência da República, Marina suprimiu de seu plano de governo pautas ligadas aos direitos da população LGBT por conta de dois tuítes do pastor Silas Malafaia criticando suas propostas.
A “obediência” de Marina ao pastor deu origem à hashtag viral #MarinaVoltaAtrás, que ironizava a fragilidade de seu discurso diante de pressões nas redes.
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