Por Fernando Brito.
A revelação do empresário Léo Pinheiro, da OAS, de que a campanha de Marina Silva recebeu dinheiro “por fora” da empreiteira na campanha de 2010 não tem, para mim, nada de surpreendente.
Aliás, não deveria ter para ninguém da vida política e da imprensa que a acompanha, porque todos sabemos que as campanhas eleitorais, em nosso país, tornaram-se máquinas milionárias abastecidas por empresas.
Se é em caixa um ou em caixa dois, a diferença não é moral, é contábil, apenas.
Porque o dinheiro é dinheiro do mesmo jeito e está aí, no fato de os candidatos e candidatas precisarem de fortunas das empresas para disputar eleições com alguma chance, o grande processo de corrupção oficial em nossa democracia.
Muitas vezes, aliás, o desejo de que seja “por fora” é do próprio empresário, que não quer ver seu nome ligado àquele candidato, com determinados valores, uma vez que já “vendeu” o seu apoio financeiro a outro, em troca de promessas, a outro, talvez por menos.
Ou, como é mais comum, porque também este dinheiro o empresário ganhou “por fora” e saindo pela mesma forma, “não existe” em sua contabilidade.
O que é imperdoável em Marina, isto sim, é a hipocrisia e – aí sim – a sonegação da verdade aos seus eleitores. Fingir-se de “santinha da floresta” enquanto seu perfumista da Natura ia colher dinheiro das “demoníacas” empreiteiras”.
Agora, a máquina de moer políticos da denúncias de doações pega ela também. E pegará a todos que se deseje pegar, salvo por uma ou outra exceção.
Porque, tanto quanto como ocorreu com Marina, estão todos sendo cínicos e hipócritas diante do financiamento privado das campanhas, que promoveram, conservaram e quando, como agora, finalmente foi proibido, já ensaiam fórmulas de restabelecer.
Não é, Ministro Luís Roberto Barroso?
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Fonte: Tijolaço.