De um lado, mais de mil pessoas sairão às ruas pedindo a volta dos militares no poder; de outro, mais de cinco mil marcharão para denunciar os abusos realizados durante a ditadura civil-militar.
Neste sábado (22), dois quilômetros separarão 50 anos de história no centro de São Paulo. Na Praça da República está prevista a Marcha da Família com Deus, que foi o combustível que deu gás para o golpe contra o presidente João Goulart em 1964. Não muito longe dali, na Praça da Sé, grupos anarquistas e de esquerda estarão reunidos para a “Marcha Antigolpista – Ditadura Nunca Mais”.
50 anos atrás, no dia 19 de março de 1964, mais de 100 mil pessoas marcharam pelas ruas do Brasil contra o que chamavam de ameaça comunista vinda do governo João Goulart. Jango havia discursado no dia 13 de março, na Central do Brasil, centro do Rio de Janeiro, anunciando mudanças radicais no país. Dias depois, generais deram o golpe que deu início a ditadura civil-militar no Brasil.
Ao longo do tempo, pelo menos, duas tentativas de ressuscitar a Marcha foram em vão. Uma em 1994, com o então presidente Fernando Henrique Cardoso no poder – filho e neto de militares – e outra dez anos depois, com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do País. Em ambas, não houve fôlego suficiente para ir às ruas.
Bruno Toscano e Cristina Peviani são os idealizadores da marcha em 2014. Eles desejam uma intervenção militar para “salvar o Brasil de uma suposta ditadura comunista” e, depois disso, de acordo com Toscano, construir um governo provisório e convocar novas eleições.
Sem memória
Questionada sobre as torturas que ocorriam na época da ditadura pelos militares, Peviani chega a duvidar se as informações são verdadeiras. “Eu nem sei se eles adotaram isso (práticas de tortura). Porque o pessoal que diz que foi torturado está tão gordo, tão forte, tão bonito, né? Eu vi lá na comissão da Verdade, que eles não tinham uma marquinha sequer”.
Na página do evento de SP na Facebook, mil e oitocentas pessoas confirmaram presença.
Marcha Antigolpista
A reação virá no mesmo dia, às 15 horas, na Praça da Sé, por um grupo de anarquistas e de partidos de esquerda que se reunirão no antigo palco das passeatas das Diretas Já e marcharão até o antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para se lembrar das mortes e abusos cometidos pela ditadura civil-militar.
No site do evento há um cartaz que acusa “setores fascistas da sociedade” de estarem “se organizando para desestabilizar o governo e dar um golpe fascista assim como foi na Ucrânia”. Até o final dessa reportagem, mais de cinco mil pessoas haviam confirmado a presença no Facebook da marcha.
Com informações Folha de S.Paulo