Comunidades mapuche exigiram nesta sexta-feira (20) que o governo do Chile peça perdão pela violência contra esse povo originário, no momento em que setores da sociedade pedem desculpas por sua atuação durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Na esteira dos 40 anos do golpe de Estado contra o presidente Salvador Allende, ocorrido em 11 de setembro de 1973 e as violações de direitos humanos cometidas pela ditadura Pinochet, atores políticos e instituições pediram perdão ou reconheceram falhas em sua atuação durante os 17 anos da ditadura estabelecida após o golpe.
De acordo com o wekén (porta-voz) da comunidade de Ranquilco, Rodrigo Curipán, as autoridades deveram pedir desculpas em nome do estado pelos fatos ocorridos na região denominada como zona vermelha do conflito mapuche.
Segundo Curipán, o governo deve reconhecer que existiu um genocídio por parte das forças policiais contra seu povo desde tempos ancestrais. Além do perdão, o dirigente considera que o Estado deve trazer uma solução definitiva em relação à devolução de suas terras, como uma forma de restabelecer a paz à região de Araucanía, região Sul do Chile, onde o conflito se acirrou em janeiro deste ano.
Segundo os historiadores, terminada a segunda metade do século 19, o Estado chileno desenhou um plano, encabeçado pelo exército para ocupar as terras Mapuche em um processo chamado de “Pacificação de Araucanía”, por meio do qual a comunidade indígena sofreu intervenção militar em 1883.
Três anos depois, o Congresso criou a chamada Comissão Radicalizadora, que facilitou a ocupação ilegal dos terrenos por particulares, deixando aos indígenas apenas 500 mil hectares de suas terras.
Durante a Reforma Agraria do presidente Eduardo Frei Montalva e com mais força nos anos de governo da Unidade Popular com Allende (1970-1973), os mapuches conseguiram recuperar mais de 80 mil hectares dessas terras, mas após o golpe de Estado a comunidade sofreu um novo revés, já que os militares puseram fim à propriedade coletiva da terra e com isso desarticularam uma das bases de sua cultura.
Desde meados da década de 1990, organizações e comunidades mapuches se enfrentam com empresas agrícolas e madeireiras pela propriedade da terra que consideram de seus antepassados.
Fonte: EBC