Siga toda vida
pela estrada da esperança.
Atravesse a tênue
ponte da luz.
Não dobre,
não vire.
Direita ou esquerda
é sempre atrás do sonho.
E do sono
somente o sonho
é definitivo
(mais do que a morte).
Siga rumo norte.
Preste atenção
no primeiro olhar sincero.
Mas não se engane:
pode ser de uma criança
ou de um velho.
Até pode ser o de uma mulher,
sem rosas na mão.
Só não pode a solidão.
Pode ser o moço
que fui amanhã,
do passado
que jamais serei ontem.
Preste muita atenção
no silêncio de um olhar sincero.
Ali eu moro,
é minha casa:
sem portas
e sem chaves.
Sem janelas
e cortinas.
Sem segredos,
nem mistérios.
Preste atenção no
silêncio
e – por favor –
não fale alto.
Entre calma e sorrateira.
Não me assuste
e nem me acorde.
Nunca durmo,
mas posso estar te amando.