Por Ana Luiza Basilio.
As manifestações contra os cortes orçamentários na educação continuarão: está agendada para o dia 30 de maio uma nova paralisação. O anúncio foi feito por estudantes que participaram do ato na quarta-feira 15 e confirmado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em suas redes sociais. O movimento vai desembocar em uma greve geral no dia 14 de junho, convocada pela CUT e demais sindicais brasileiras, que também pautam uma agenda contra a reforma da Previdência.
No primeiro dia da paralisação, todos os Estados e o Distrito Federal registraram manifestações. Mais de 170 cidades também aderiram ao Dia Nacional de Defesa da Educação. Um balanço parcial das entidades organizadoras aponta que a greve nacional mobilizou até agora mais de 1 milhão de pessoas em todo o País.
“É natural, é natural. Agora, a maioria ali é militante, não tem nada da cabeça. Se perguntar quanto é 7×8, não sabe. Se perguntar qual é a fórmula da água, não sabe. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe e núcleo de muitas universidades no Brasil”, disse a jornalistas que o esperavam na porta de um hotel em Dallas, no Texas.
O movimento também teve força em diversas outras localidades. Em Brasília, os manifestantes caminharam em direção ao Ministério da Educação. Estudantes da área da saúde da Universidade de Brasília (UNB), uma das acusadas de promover balbúrdia pelo ministro da educação Abraham Weintraub, fizeram um mutirão de atendimento voluntário logo cedo como maneira de repudiar a declaração e mostrar a importância das atividades da universidade.
Em Sergipe, estudantes usaram roupas pretas e fizeram uma encenação para sinalizar o luto vivido pela educação no atual governo. A cidade de Diamantina, em Minas Gerais, realizou o maior ato de sua história, segundo a UNE.
A data também repercutiu no exterior. Um grupo de estudantes, professores e pesquisadores brasileiros que moram em Paris protestou em frente à Cité Universitaire, centro de residências universitárias para estudantes estrangeiros que vão realizar pesquisas em instituições francesas. Munidos de cartazes coloridos, o grupo sinalizou repúdio aos cortes orçamentários e preocupação com o futuro das bolsas de pesquisa no exterior.
Enquanto isso, uma sabatina…
Enquanto milhares ocupavam as ruas do País contra as medidas anunciadas para a educação, o ministro Abraham Weintraub compareceu ao Plenário da Câmara dos Deputados para explicar as políticas de ministério. Ele foi sabatinado por parlamentares da oposição e da base governista. O ministro afirmou que o contingenciamento dos valores repassados às universidades faz parte da segurança financeira do governo Bolsonaro, que não vê uma escalada econômica no ritmo que pretendia.
Ao comentar sobre a ligação do presidente Jair Bolsonaro, que teria pedido para cancelar o contingenciamento em decorrências dos protestos previstos, Weintraub afirmou que ninguém ouviu a versão dele. “Eu falei: ‘presidente, não é corte nenhum, é contingenciamento’. Foi um mal entendido. Eu fui à noite lá, conversei com o presidente, já tinha explicado por telefone.”
Os cortes propostos pelo Ministério são generalizados, apesar de terem tirado a maior fração das universidades públicas. “Limpeza e segurança só vão passar a ter problemas a partir de setembro”, comentou o ministro ao ser questionado sobre as operações das universidades.
O principal argumento utilizado por Weintraub para explicar demais políticas do MEC foi a defesa da educação básica. “A gente se propõe a cumprir com o plano de governo que foi apresentado para toda a população durante a campanha”, disse.
Enquanto isso, nas redes sociais…
Durante toda a quarta-feira, a hashtag #TsunamiDaEducação ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Confira algumas das repercussões do Dia Nacional de Defesa da Educação.