Membros da extrema-direita alemã organizaram no passado domingo “caçadas” a imigrantes na cidade de Chemnitz, ações de perseguição essa que “chocaram” boa parte da população do país. Segundo a polícia local, ficaram feridos na sequência destas perseguições um cidadão de nacionalidade síria e um adolescente afegão. No dia seguinte, os episódios de violência voltaram a repetir-se, com uma nova manifestação de 6 mil pessoas, nas quais for possível ver muitos elementos a fazer a saudação nazi, um gesto ilegal no país.
Estas manifestações estão a ser organizadas pelos movimentos de extrema direita Pegida, sigla em alemão para “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente”, e a Alternativa para a Alemanha (AfD), atualmente o principal partido da oposição na câmara baixa do parlamento alemão.
Segundo balanço da polícia local, nas manifestações de dia 27 de agosto, 20 pessoas, entre elas dois polícias, ficaram feridas em confrontos entre membros da extrema-direita e grupos de esquerda que se manifestaram contra a xenofobia e o racismo. Apesar dos feridos, a extrema-direita alemã voltou a convocar uma manifestação para hoje, dia 28 de agosto, desta feita na cidade de Dresden.
Estas manifestações e “caçadas” a emigrantes surgiram na sequência da morte de um cidadão de nacionalidade alemã, esfaqueado numa rixa de rua por motivos ainda desconhecidos. Os suspeitos, já detidos pela polícia, são dois cidadãos de nacionalidade síria e iraquiana. Apesar de já se encontrarem privados de liberdade, a extrema-direita está a perseguir estrangeiros nas cidades onde se tem concentrado, criticando ainda as políticas de imigração do governo de Angela Merkel.
“Nós somos o povo”, “Fora, estrangeiros” e a frase “Defender a Europa” ilustrada com a imagem de uma arma têm sido algumas das palavras entoadas nas ruas. Uma outra palavra de ordem utilizada fazia referência à “luegenpresse”, a imprensa mentirosa, um slogan utilizado na era nazi.
“Vimos caçadas coletivas, vimos ódio na rua, e isso nada tem a ver com um Estado de Direito”, disse Angela Merkel ao condenar estes atos de violência.