Uma equipe de pesquisa mexicana e norte-americana descobriu uma antiga floresta de mangue de mais de 120 mil anos no coração da península de Yucatan, no sudeste do México, comunicou a Universidade de San Diego, nos EUA.
De acordo com os estudos publicados recentemente na revista PNAS, este achado inacreditável está localizado nas margens do rio San Pedro Mártir, que se estende desde a selva de El Petén, na Guatemala, até a região de Balancán, no estado mexicano de Tabasco.
Led by researchers across the @uofcalifornia and researchers in Mexico, the binational study integrates genetic, geologic, and vegetation data with sea-level modeling, providing a first glimpse of an ancient coastal ecosystem. ?? Video: Ben Meissner pic.twitter.com/vMbvIvfrZW
— Scripps Institution of Oceanography (@Scripps_Ocean) October 4, 2021
Liderados por pesquisadores de toda a Universidade da Califórnia e por pesquisadores do México, o estudo binacional integra dados genéticos, geológicos e de vegetação com modelagem do nível do mar, proporcionando um primeiro vislumbre de um antigo ecossistema costeiro.
Embora outros estudos tenham encontrado manguezais fossilizados longe da costa marinha, esta é a primeira vez que um ecossistema desta natureza é encontrado em todo seu esplendor e tão longe do mar. Tais características surpreenderam os acadêmicos, uma vez que os espécimes do mangue-vermelho, Rhizophora mangle, assim como outras espécies identificadas pelos cientistas, se caracterizam por se propagarem melhor em águas salobras ou estuarinas.
Uma população interior de mangues-vermelhos ao longo do rio San Pedro Mártir é provavelmente uma relíquia do último período interglacial, há cerca de 120 mil anos.
Após analisar os resultados dos testes genéticos, dados geológicos da área e amostras de vegetação coletadas, os pesquisadores integraram as informações em um modelo computadorizado que recria os níveis do mar, descobrindo que os manguezais de San Pedro atingiram sua localização atual durante o último período interglacial. Isto significa que atingiram sua posição há 125 mil anos, tendo ficado isolados à medida que os oceanos recuavam durante esse período.
The researchers said there is still much to discover about how the species in this ecosystem have adapted to different environmental conditions over the past 100,000+ years. Studying these past adaptations will help us better understand future conditions in a changing climate. pic.twitter.com/E8ppAmI9a5
— Scripps Institution of Oceanography (@Scripps_Ocean) October 4, 2021
Os pesquisadores disseram que ainda há muito por descobrir sobre como as espécies neste ecossistema se adaptaram a diferentes condições ambientais nos últimos mais de 100 mil anos. O estudo dessas adaptações no passado nos ajudará a entender melhor as condições futuras de um clima em mudança.
Além de fornecer informações sobre o avanço e o recuo dos oceanos na última era glacial, os autores observam que sua pesquisa pode lançar uma nova luz sobre o conhecimento dos processos adaptativos das espécies sob condições climáticas em mudança. De igual modo, também pode ajudar a prever possíveis cenários para “a subida relativa do nível do mar, enquanto que as mudanças climáticas avançam em um mundo dominado pelo homem”.