Malala Yousafzai: A construção de um mito como arma da mídia e política ocidental. Por Gilliam Nauman Iqbal

Foto: Pete Souza – Casa Branca

Por Gilliam Nauman Iqbal, Paquistão, para Desacato.info.

Quem nunca ouviu falar em Malala? A pobre menina que muitos dizem ser paquistanesa, outros dizem ser afegã, que sofreu atentado no caminho para a escola, pois seu pai lutava para que sua filha tivesse o direito de estudar e a mesma passou a seguir o mesmo caminho, supostamente lutando pelo direito de meninas terem acesso a escola? Ganhou notoriedade com o apoio de um jornalista americano e resto, acredito todos sabem. Foi apresentada ao mundo como uma jovem ativista dos direitos humanos, em especial pela educação de meninas em seu país. Ao compartilhar em um blog, o cotidiano durante a ocupação do Talibã em sua localidade, Malala passa a ter visibilidade e foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz das Crianças.

Penso que a visibilidade de Malala estava plantada e o suposto ataque do talibã se fez oportuno nesse momento para a construção de sua planejada trajetória. Em 2012, ela sofre o atentado e após melhoras, foi transferida para o Reino Unido. Em meio tempo, seu pai cria uma grande fundação, também com o apoio do Reino Unido. Após o atentado, Malala torna-se colecionadora de prêmios. Há uma infinidade de lindas declarações de Yousafzai, que vão desde pensamentos sobre o socialismo a se autodeclarar feminista. Doações para grandes causas humanitárias, chegando a doar milhões para reconstrução de escolas na faixa de Gaza.

Seria uma belíssima trajetória de luta e ativismo se não fosse o que o povo paquistanês tem a dizer sobre sua figura e sua origem. Além disso, passo a observar suas colocações, já não tanto discretas, sobre questões comportamentais e não menos políticas, sobre a sociedade muçulmana.

Na Wikipédia, Malala é cotada como a cidadã mais proeminente de seu país… Bom, isso foi o que nos contaram. Vamos saber agora quem foi Malala, a partir da visão do povo do Paquistão e como juntar as peças desse quebra-cabeças, observando as dúbias posições da jovem

Dizem que Malala é filha do ativista pela educação e dono de uma rede de escolas, Ziaunddin Yousafzai. O que se sabe dentro das fronteiras paquistanesas e mais precisamente em Mingora, onde esta jovem teria nascido, é que Malala é filha adotiva desta família pashtun! Isso mesmo! Malala foi entregue a essa família ainda bebê por missionários cristãos e seu pai biológico era um judeu. Junto com Malala, foi entregue também muito dinheiro para a construção de um grande mito.

O ativista paquistanês Ziaunddin, esqueceu ou talvez nunca teve um real sentimento de luta pela educação e se tornou um agente dos Estados Unidos como tantos que existem infiltrados mundo afora. Se tornou dono de rede de escolas e criou Malala de acordo com as orientações que recebeu. E fez isso de forma maestral, haja vista que agora o mundo conhece Malala Yousafzai, a pobre menina que queria estudar mas o Talibã não deixou. Obviamente que, sendo um agente do USA, seu pai sofreu retaliação do talibã. E com isso Malala despontou no mundo. Os detalhes são conhecidos de todos e com certeza, as pessoas possuem elementos suficientes para montar essa teia em suas mentes.

Hoje Malala está sendo preparada para ser uma grande líder! A ativista empoderada, que ousou desafiar o talibã! Formou-se em Oxford, em Filosofia e em Política e Econômica. No Ocidente, tornou-se um ícone de luta (temos tantos que são perseguidas e ninguém atenta para estes fatos).

Malala é a grande arma da mídia e da política ocidental para continuar a desagregar o Oriente e sua cultura, valores e religião deixando-o fragilizado e fértil ao domínio sionista/americano.

Observem as falas e a postura de Malala. Há pouco tempo, ela deu uma entrevista para a revista Vogue, e a mesma disse que não precisa de protocolos religiosos ou civis para ter um companheiro. Muitas pessoas não muçulmanas, acharão correto e não irei rebater, porque essa não é a análise. A pergunta que se deve fazer é: porque uma muçulmana falaria isso se a formação de seus valores a direcionam para uma outra postura sobre ter um companheiro? Porque Malala, aos poucos, vai sutilmente mostrando valores diferentes aos do islã? Malala é a grande aposta do Ocidente para reforçar o plano de desmonte do Oriente.

Uma coisa afirmo a vocês: aqui mulheres estudam, se formam e trabalham se for da vontade delas. Há homens machistas e homens portadores do vírus libertário, mas como todo vírus que tem suas mutações, o libertário aqui pode ser diferente do libertário por aí, e mais uma vez não podemos usar moldes de biscuit pra ninguém, nem para conceitos e lutas! Afirmo também que por aqui Malala é persona no grata. Mas aos olhos do resto do mundo, é uma heroína e isso poderá ser uma grande pressão na sociedade paquistanesa.

Talvez outras “Malalas” serão construídas, porque o imperialismo é um cão de dentes afiados e faminto de domínio, e não é domínio territorial, é domínio das mentes.

Gilliam Nauman Iqbal é graduada em História pela Universidade Estadual do Maranhão, Especialista em Sociologia das Interpretaç?es do Maranhão, Povos e Comunidades Tradicionais e Sustentabilidade, estudante de Fotojornalistico pela Universidade Cruzeiro do Sul, muçulmana, feminista, ativista política e pró Palestina, Presidente do Instituto de Estudos e Solidariedade para Palestina Razan al-Najjar e membro da Coordenação Nacional dos Comitês Islâmicos de Solidariedade.

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

 

1 COMENTÁRIO

  1. Só posso acreditar no que diz o artigo se a autora apresentar as provas. Acompanho a vida de Malala desde antes do atentado e nunca ouvi críticas do povo paquistanês. E parem de dizer que pessoas de destaque são “judias”. Uma paquistanesa muçulmana não pode ser inteligente e lutadora? Em tempo: sou muçulmana e feminista.

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