Por Débora Mabaires, para Desacato.info.
Tradução: Raul Fitipaldi, para Desacato.info. (Port./Esp.)
Quando Maurício Macri colocou a faixa presidencial, o fez processado por espionagem. Dias depois, o juiz federal que deveria ter apresentado a causa em julgamento oral o exculpou e o tirou do prontuário. Esta manobra judicial sentou as bases para entendermos como seriam as coisas a partir desse momento.
Na quarta-feira, perante a Comissão Bicameral de Liberdade de Expressão, o juiz federal Alejo Ramos Padilha começou a esmiuçar, um por um, os crimes que está investigando no seu juizado, na cidade de Dolores.
A denúncia de um empresário agropecuarista extorquido por Marcelo D’Alessio foi acompanhada com vídeos, áudios e documentos de cartório, dando lugar às investigações posteriores.
As atuações judiciais relativas a revelar uma trama governamental de extorsão, derivaram na investigação de uma rede internacional de operadores políticos, judiciais e empresariais que afetam, a princípio, as relações diplomáticas da Argentina com o Uruguai, Irã, Colômbia, Venezuela, Estados Unidos e Israel.
Os atônitos legisladores escutaram durante quase quatro horas, não só a exposição do juiz, como também alguns dos áudios de prova que são parte do prontuário judicial. Neles aparecem os nomes de juízes, deputados e ministros nacionais.
No registro de uma das propiedades de D’Alessio, o juiz encontrou documentação vinculada com a campanha eleitoral de Maurício Macri, na qual teria participado a equipe de campanha do presidente dos Estados Unidos. Nestes documentos se detalha a manipulação social realizada através de grupos de operação que seriam os encarregados de filtrar notícias falsas, para confundir o rival político, assim como também a criação de grupos de operação em redes sociais para replicar notícias falsas difundidas pelos meios de comunicação.
A manobra de extorsão se realizava com operações de inteligência que eram usadas para fazer chantagem a ex-funcionários e empresários, com a finalidade de que aderissem ao regime de delações premiadas, e acusassem funcionários de hierarquia do governo de Cristina Fernández de Kirchner ou, inclusive, ela própria. O modus operandi começava com conversas informais entre D’Alessio e a futura vítima. Depois incluía a publicação de notas nos jornais nas que se pressionava a vítima instando-a ao “arrependimento”. Mais tarde, levavam a pessoa para declarar ante a procuradoria de Carlos Stornelli, o homem vinculado a Maurício Macri. Mais tarde, obrigavam-na a oferecer uma entrevista na que ratificava o que tinha falado na sede judicial. Deste modo, o “arrependido” ficava comprometido perante a sociedade e seu entorno.
Entre todas as mensagens de Whatsapp, Telegram e áudios, recorrentemente, aparece mencionado Mario Montoto, um extraficante de armas, hoje empresário dedicado à venda de parafernália militar, armas e elementos de espionagem e segurança, habitual fornecedor do Ministério da Segurança. É, além do mais, o presidente da Câmara de Comércio Argentino Israelense, e dono de vários veículos de comunicação.
Entre os áudios que apresentou o juiz perante os legisladores, ouve-se em um deles Marcelo D’Alessio falar sobre a “extração de objetivos desde a Venezuela em 9 aeronaves provenientes de Moscou” em aviões “não detectáveis”.
Ficou a relento a manobra extorsiva realizada contra um exdiretor de PDVSA na Argentina, e, em uma das comunicações realizadas por D’Alessio, informa que isso servirá para bloquear os fundos da petroleira venezuelana.
Os elementos sequestrados no registro ao espião D’Alessio, demonstram que realizou operações de inteligência usando pastas com informes da Agência Federal de Investigações, assim como filmagens realizadas com drones sobre as propriedades de quem era seu objetivo.
O juiz também está investigando o assédio realizado contra uma empresa de capitais iranianos e colombianos no Uruguai para impossibilitar suas ações comerciais.
Alguns informes de inteligência que desenvolvia eram enviados por mala diplomática a Maine, Estados Unidos. Ali funciona um centro de colheita de informação da NSA (National Security Agency), agência de seguridade que carece de controles judiciais.
Isso tudo está sendo investigado minuciosamente para determinar a veracidade da documentação e os fatos que ali são detalhados.
O juiz Ramos Padilha solicitou à embaixada dos Estados Unidos na Argentina que verifique a autenticidade dos documentos timbrados encontrados na casa de D’Alessio. Duas semanas depois, a embaixada ainda não se expressou.
Consultado pelos legisladores, o juiz comentou que a Corte Suprema não respondeu a sua solicitação para conseguir um técnico em computação e informática (TI), nem o pedido de um computador moderno que permita dispor do software necessário para analisar certos arquivos digitais extraídos dos celulares e computadores de Marcelo D’Alessio.
O Serviço Penitenciário a cargo do Ministro da Justiça, Germán Garavano, recusou-se a transladar D’Alessio desde a prisão até o juizado argumentando “falta de combustível”.
Ao juiz Ramos Padilha, o Ministério da Segurança, a cargo de Patrícia Bullrich, retirou-lhe a custódia.
Os meios de comunicação do regime macrista envolvidos nas manobras de extorsão, enquanto no Congresso da Nação vinha à tona esta rede de espionagem paraestatal que envolve os três poderes do Estado, falavam da adoção de cachorrinhos ou do nascimento do filho de uma atriz.
Os deputados da situação também não estiveram presentes na conferência de imprensa do juiz, deixando em claro, de forma deselegante sua posição. Não é para menos: alguns aparecem envolvidos na investigação, e outros, têm as mãos sujas.
A comissão que deveria ter solicitado a exposição do juiz, é a Comissão Bicameral de Inteligência, mas, a pesar dos pedidos formais e informais, se negou a organizá-la.
Seu presidente, o senador, Juan Carlos Marino, da província de La Pampa, foi acusado em dezembro de 2018 de assédio sexual. Nessa denúncia, a vítima relata que desde o gabinete do senador estava organizando-se uma operação política para acusar de pedofilia seu rival nas eleições internas para escolher candidato a governador. O senador Marino e seu rival político pertencem à Aliança Cambiemos que lidera Mauricio Macri.
A república desabou diante dos nossos olhos e ficou em evidência que a democracia só é uma fachada para que este governo de ocupação continue com seus saqueios.
Falta saber se Macri acabará seu mandato igual que como o começou: processado por espionagem paraestatal.
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Otro escándalo: espionaje y extorsión involucran a EUA, Israel, políticos y jueces
Cuando Mauricio Macri se colocó la banda presidencial lo hizo estando procesado por espionaje. A los pocos días, el juez federal que debería haber enviado la causa a juicio oral lo exculpa y lo saca del expediente. Esta maniobra judicial sentó las bases para entender cómo serían las cosas a partir de ese momento.
El miércoles, ante la Comisión Bicameral de Libertad de Expresión, el juez Federal Alejo Ramos Padilla empezó a desgranar uno a uno los delitos que está investigando en su juzgado federal de la ciudad de Dolores.
La denuncia de un empresario agropecuario extorsionado por Marcelo D’Alessio fue acompañada con videos, audios y documentos notariales y dio pie a las investigaciones posteriores.
Las actuaciones judiciales tendientes a revelar un entramado gubernamental de extorsionadores, derivaron en la pesquisa de una red internacional de operadores políticos, judiciales y empresariales que afectan, en principio, las relaciones diplomáticas de la Argentina con Uruguay, Irán, Colombia, Venezuela, Estados Unidos e Israel.
Los atónitos legisladores escucharon durante casi cuatro horas no sólo la exposición del juez sino también algunos de los audios de prueba que son parte del expediente judicial, en los que se nombra a jueces, diputados y ministros nacionales.
En el allanamiento a una de las propiedades de D’Alessio, el juez encontró documentación vinculada a la campaña electoral de Mauricio Macri, en la que habría participado el equipo de campaña del presidente de los Estados Unidos . En estos documentos se detalla la manipulación social realizada a través de grupos de operación que serían los encargados de filtrar falsas noticias, para confundir al rival político, así como también la creación de grupos de operación en redes sociales para replicar noticias falsas difundidas por los medios de comunicación.
La maniobra de extorsión se realizaba con operaciones de inteligencia que eran usadas para chantajear a ex funcionarios y empresarios, con la finalidad de que se acojan al régimen “del arrepentido” (delación premiada y acusen a funcionarios de jerarquía del gobierno de Cristina Fernández de Kirchner o a ella misma. El modus operandi comenzaba con conversaciones informales entre D’Alessio y el futuro extorsionado. Luego incluía la publicación de notas periodísticas en las que se presionaba a la víctima y se lo instaba a que “se arrepintiera”. Más tarde lo llevaban a declarar a la fiscalía de Carlos Stornelli el hombre vinculado a Mauricio Macri; y después, lo obligaban a dar una entrevista en la que ratificaba lo que había dicho en sede judicial. De esta manera el “arrepentido” quedaba comprometido también ante la sociedad y sus conocidos.
Entre todos los mensajes de Whatsapp, Telegram y audios, recurrentemente aparece mencionado Mario Montoto, un ex traficante de armas, hoy empresario dedicado a la venta de parafernalia militar, armas y elementos de espionaje y seguridad, habitual proveedor del Ministerio de Seguridad. Es además el presidente de la Cámara de Comercio Argentino-Israelí y dueño de varios medios de difusión.
Entre los audios que presentó el juez ante los legisladores, se escucha en uno de ellos a Marcelo D’Alessio hablar sobre la “extracción de objetivos desde Venezuela en 9 aeronaves provenientes de Moscú” en aviones “indetectables”.
Quedó al descubierto la maniobra extorsiva realizada contra un ex directivo de PDVSA en Argentina, y en una de las comunicaciones realizadas por D’Alessio informa que eso servirá para bloquearle los fondos a la petrolera venezolana.
Los elementos secuestrados en el allanamiento al espía D’Alessio, muestra que realizó operaciones de inteligencia usando carpetas de informes de la Agencia Federal de Investigaciones, así como también filmaciones realizadas con drones sobre las propiedades de quienes eran su objetivo.
El juez se encuentra investigando el asedio realizado contra una empresa de capitales iraníes y colombianos en Uruguay para imposibilitar sus acciones comerciales.
Algunos informes de inteligencia que desarrollaba eran enviados por valija diplomática a los Estados Unidos a la localidad de Maine. Allí funciona un centro de recolección de información de la NSA (National Security Agency) una agencia de seguridad que carece de controles judiciales.
Todo está siendo investigado minuciosamente para determinar la veracidad de la documentación y los hechos que allí se detallan.
El juez Ramos Padilla solicitó a la embajada de Estados Unidos en nuestro país, que verifique la autenticidad de los documentos membretados y sellados encontrados en la casa de D’Alessio. Dos semanas después, aún no se han expresado.
Consultado por los legisladores, el juez comentó que la Corte Suprema no respondió a su solicitud para conseguir un técnico en computación e informática, como tampoco al pedido de una computadora moderna que le permita disponer del software necesario para analizar ciertos archivos digitales extraídos de los móviles y computadoras de Marcelo D’Alessio.
El Servicio Penitenciario a cargo del Ministro de Justicia Germán Garavano, se negó a trasladar a D’Alessio desde la prisión al juzgado argumentando “falta de combustible”.
Al juez Ramos Padilla el ministerio de Seguridad, a cargo de Patricia Bullrich, le retiraró la custodia.
Los medios de difusión del régimen macrista involucrados en las maniobras de extorsión, mientras en el Congreso de la Nación se develaba esta red de espionaje paraestatal que involucra a los tres poderes del Estado, hablaban de la adopción de cachorritos, o del nacimiento del hijo de una actriz.
Los diputados del oficialismo tampoco concurrieron ayer a la conferencia del juez, haciendo un desplante que habla por sí mismo. No es para menos: algunos aparecen involucrados en la investigación y otros, tienen las manos sucias.
La comisión que debería haber solicitado la exposición del juez, es la comisión bicameral de Inteligencia, pero a pesar de los pedidos formales e informales, se negó a organizarlo.
Su presidente, el senador Juan Carlos Marino, de la provincia de La Pampa, fue acusado en diciembre pasado por acoso sexual. En esa denuncia la víctima relata que desde el despacho del senador se estaba pergeñando una operación política para acusar de pedofilia a su rival en las internas por la candidatura a gobernador. El senador Marino y su rival político pertenecen a la Alianza Cambiemos que lidera Mauricio Macri.
Ayer la república se desmoronó ante nuestros ojos, y quedó en evidencia que la democracia es sólo una fachada para que este gobierno de ocupación continúe con sus saqueos.
Falta saber si Macri terminará su mandato igual que como lo empezó: procesado por espionaje paraestatal.
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[avatar user=”Debora Mabaires” size=”thumbnail” align=”left” link=”file” /] Débora Mabaires é cronista e mora em Buenos Aires.
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