Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
O tempo colaborou para que os mais de mil militantes de diversos movimentos populares, pastorais sociais, organizações urbanas e camponesas, sindicatos, Movimento Negro, colorissem as ruas de São Miguel do Oeste/SC, no dia 08 de março. A grande festa pela liberdade iniciou as 9h da manhã, na praça Walnir Bottaro Daniel, com a concentração de pessoas e um momento de formação, onde falas de homens e mulheres exteriorizaram os reais motivos para se estar nas ruas. As juventudes da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), representantes do Grupo de Percussão Uniba, e Grupo Airumã de Viola, animaram todos os momentos da marcha.
A Militante do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Catiane Cinelli, falou que as organizações realizaram atos de denúncia e reivindicações em frente a Caixa Econômica Federal, também no INSS e na Delegacia da Mulher durante o dia.
Ela explicou também que as organizações sentem os impactos de um avanço conservador que está ocasionando um retrocesso a muitos dos direitos conquistados historicamente pelos trabalhadores e trabalhadoras. “O nosso objetivo de ocupar as ruas é justamente para defender a democracia, os direitos que temos conquistados ao longo dos anos de luta. Por isso fechamos a Caixa Econômica por alguns momentos para que a conversa com os representantes da Caixa pudesse acontecer e a gente conseguisse algum encaminhamento da parte deles devido aos entraves que existem hoje sobre a questão da moradia, por exemplo”.
Segundo Catiane, uma das mulheres, que representa o coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR), que estava realizando a segurança da marcha, foi agredida por um homem que tentou entrar na Caixa Econômica durante o momento de diálogo com os militantes. Ela foi agredida e as organizações repudiaram no mesmo momento a ação de violência contra a militante. Mais informações sobre este momento podem ser acessadas pelo link: http://desacato.info/militante-e-agredida-durante-mobilizacao-em-sao-miguel-do-oestesc/.
Marcha
A militante do Movimento de Mulheres Camponesas disse ainda que as organizações seguiram em marcha até a praça Belarmino Annoni, onde realizaram a partilha do almoço. Após o meio dia, uma comissão composta por integrantes das organizações entregaram um documento para os representantes do INSS, onde aconteceu um momento de diálogo.
Pautas
Entre as pautas citadas por Catiane, ela destaca que: “Ao longo dos 32 anos de organização o Movimento de Mulheres Camponesas tem como uma das principais bandeiras de luta os direitos previdenciários das seguradas e segurados especiais, neste sentido reafirmamos e defendemos a necessidade de manter o princípio da Previdência Pública, Universal e Solidária, manter os segurados especiais como segurados obrigatórios da previdência, manter os benefícios de auxílio doença e auxílio acidente de trabalho, manter as regras atuais para concessão de todos os benefícios, com acesso a partir da comprovação da atividade rural, manter o custeio a partir da contribuição com 2,3% sobre a produção comercializada, universalização do salário maternidade para seis meses para todas as mulheres e manter o critério Idade, 55 anos para mulheres e 60 anos para homens, com comprovação dos últimos 15 anos de atividade rural, para fins da aposentadoria”.
Catiane também ressaltou o ato realizado em frente à Delegacia da Mulher. “Foi um momento de cobrança de posicionamento para as autoridades, diante de tantos casos de violência contra as mulheres do mundo inteiro mas especialmente de nossa região. As mulheres precisam de um lugar adequado para serem atendidas, serem respeitadas por quem as atende e principalmente, que seus casos sejam vistos com seriedade”.
Em frente à Delegacia da mulher, outras denúncias foram feitas Pela Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR). Elas dizem respeito as atemorizações, ameaças e intimidações que integrantes do coletivo tem sofrido por meio de ligações, e-mails e também nas ruas. As pessoas que estavam na marcha denunciaram ainda, o comportamento de pessoas que trabalham na Delegacia da Mulher por terem fechado as portas e impedido que uma das mulheres que estava na mobilização fosse ao banheiro, sendo que, o prédio é público.
Avaliação
O representante e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Elisandro dos Santos Costa, acrescentou ainda que as organizações avaliaram de forma positiva a marcha realizada em São Miguel do Oeste. “Fomos para as ruas defender a democracia, cobrar posicionamento sobre todas as formas de opressão contra as mulheres e como um todo, a violência que atinge toda a classe trabalhadora. Nossas faixas e bandeiras evidenciaram isso”, disse.
Costa enfatizou ainda que no decorrer dos próximos meses outras mobilizações como essa devem ocorrer em várias regiões do Brasil. “Não podemos retroceder e perder os direitos que já conquistamos. Por isso fizemos esse grande chamamento no 08 de março em São Miguel do Oeste e vamos seguir essa luta”, finalizou.