Cerca de cem mil pessoas participaram no último sábado (28/12) em Seul de uma manifestação contra a privatização da rede ferroviária e a repressão do governo contra os sindicalistas. As informações são do site esquerda.net e do jornal francês Le Monde.
O protesto foi promovido pela poderosa federação sindical KCTU. Uma paralisação parcial teve início em 9 de dezembro em razão de um anúncio do governo sobre a intenção de conceder a gestão de uma grande linha de trens de grande velocidade, que compreende Sueso-dong (ao sul de Seul) a Busan, principal vila portuária ao sudeste do país, à sociedade privada, e não à Korail, empresa pública ferroviária. Os sindicalistas acreditam que este é o primeiro passo para privatizar todo o setor. A própria Korail já foi alvo de dois estudos para privatização, em 2003 e 2009, impedidos pela intensiva ação dos sindicatos.
A paralisação tem afetado as linhas de alta velocidade, bem como o metrô e o transporte de mercadorias. Os atrasos e cancelamentos de viagens têm sido uma constante e o serviço ferroviário tem funcionado a cerca de metade da sua capacidade nas últimas semanas.
O governo do premiê Chung Hong-won, que justificou o projeto para “melhorar a competitividade da empresa” reagiu duramente à paralisação e deu início à perseguição dos sindicalistas. Cerca de 30 dirigentes foram acusados de desestabilizar a economia e são procurados pela polícia. A administração da Korail disse que irá penalizar 490 de seus pedindo indenizações pelos prejuízos causados pela paralisação.
Depois das rusgas policiais às sedes do sindicato dos ferroviários, 600 policiais de choque tentaram, no último domingo (22), invadir a sede da KCTU com mandados de prisão, mas enfrentaram resistência dos sindicalistas, que conseguiram bloquear a entrada do edifício, mas não evitaram a prisão de 148 trabalhadores. Alguns deles conseguiram se refugiar em templos, onde a polícia raramente costuma entrar.
A oposição apela ao governo e à presidente Park Geun-Hye para que recuem no seu plano de desmembrar a empresa, tendo em vista sua privatização. Os trabalhadores afirmam que a luta irá continuar pelo menos até 25 de janeiro, data do primeiro aniversário da posse da presidente do país.
Flash-mobs
Para além da manifestação , muitos outros protestos foram realizados no último sábado. O mais original terá sido o das flash-mobs em Seul, Gwangju, Daejeon and Daegu, onde centenas de pessoas, sobretudo jovens, se juntaram para cantar um hino revolucionário do musical “Os Miseráveis” (veja vídeo aqui).
Advogados defensores dos direitos civis organizaram concentrações em prol da democracia sob o lema “Não há injustiça que vença a justiça” e grupos de estudantes em Seul, Daejeon, Changwon e Busan juntaram-se em tribunas livres para exporem as razões do descontentamento social que alastra no país, informa o portal Global Voices.
Além da tensão social causada pela greve dos ferroviários, a presidente do país também está envolvida em um escândalo sobre o envolvimento do serviço secreto a seu favor na campanha presidencial de 2012.
Foto: Reprodução/Agência Efe
Fonte: OperaMundi