Por Jérémy Audouard, correspondente da RFI em Bruxelas.
Numa igreja do centro da capital, Bruxelas, alinham-se dezenas de leitos, uns colados ao outros, onde 250 grevistas vivem seus dias de greve de fome em câmera lenta.
Os bombeiros auscultam uma mulher exausta. “Trabalhamos aqui todos os dias. É uma situação inédita, mas é normal que venhamos”, diz um deles.
Originário do Marrocos, Mohamed chegou à Bélgica há 11 anos com um visto de estudante para a universidade de Bruxelas. “Colocamos nossos corpos em perigo por uma vida melhor”, comenta. “Eu perdi 13 quilos e pode haver sequelas e consequências irreversíveis no corpo humano”, lamenta.
Depois de 43 dias sem comer, Fátima também perdeu dez quilos. Mas ela não pretende desistir. “Continuaremos nossa luta até a morte ou até obtermos uma carteira de identidade”, diz ela.
Youssef Bouzidi, requerente de asilo marroquino, pede para ser regularizado pelo governo belga para ter acesso a cuidados de saúde e está em greve de fome há mais de um mês, numa sala do campus universitário belga ULB, onde se encontram centenas de migrantes em greve de fome, em Bruxelas.
O Secretário de Estado do Asilo e Migração da Bélgica, Sammy Madhi, se refere à greve de fome dos migrantes como “chantagem” à qual não cederá. Madhi garante que quaisquer ajustes serão tratados caso a caso.