Mais de 3.000 migrantes morreram no mar tentando chegar à Europa em 2021

Foto: AFP

Texto de Rádio França Internacional – RFI.

Mais de 3.000 migrantes morreram no mar na tentativa de chegar ao continente europeu em 2021. Os dados da ONU (Organização das Nações Unidas), publicados nesta sexta-feira (29), apontam que o número de vítimas dobrou em relação a 2020.

A maioria delas perdeu a vida ou desapareceu durante uma travessia pelo mar Mediterrâneo, foram 1.924 vítimas nesse trajeto. “Outras 1.153 morreram ou desapareceram na rota marítima do noroeste da África para as ilhas Canárias”, declarou Shabia Mantoo, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

No ano anterior, quando teve início a pandemia da Covid-19, as duas rotas somaram 1.544 mortes.

A situação em 2022 não apresenta melhora, de acordo com Mantoo. “É alarmante que, desde o início do ano, outras 478 pessoas morreram ou desapareceram no mar”.

A ACNUR pede aos governos que desenvolvam “alternativas” para que os refugiados e migrantes não sejam obrigados a colocar sua vida em risco nessas viagens. Segundo a organização, o fechamento das fronteiras durante a pandemia teve impacto importante sobre os fluxos migratórios, pois parte da população de refugiados e migrantes tinha como única alternativa para chegar à Europa o recurso a traficantes humanos.

O relatório publicado hoje aponta que a Itália recebeu no ano passado 53.323 pessoas por via marítima, 83% a mais do que em 2020. Nas ilhas Canárias, foram 23.042 os novos migrantes, número equivalente ao do ano anterior.

“A viagem no mar a partir dos países da costa oeste da África, como Senegal e Mauritânia, até as ilhas Canárias, é longa e perigosa e pode durar até 10 dias”, destacou a porta-voz da ACNUR em Genebra.

O estudo indica, ainda, que houve um crescimento de 61% nas saídas por mar da Tunísia, no ano passado, em comparação com 2020 e um aumento de 150%, da Líbia.

Violação dos direitos humanos

O mar Mediterrâneo é a rota migratória mais mortal do mundo. Desde 2014, o projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM) documentou 17.000 mortos e desaparecidos nesse trajeto.

No entanto, a agência da ONU destaca que as rotas terrestres de migração também apresentam inúmeros riscos e violações dos direitos humanos: os migrantes são obrigados a cruzarem o deserto do Saara e correm o risco de serem capturados por traficantes e contrabandistas.

Parte dos migrantes acabam em cadeias de tráfico humano, envolvendo violência sexual e trabalho análogo à escravidão.

A ACNUR não é otimista em relação ao futuro, e prevê que o fluxo migratório em direção à Europa possa aumentar devido à instabilidade política dos países, conflitos armados, as mudanças climáticas e consequente deterioração das condições socioeconômicas.

(Com informações da AFP)

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