O panorama subsequente à decisão da ETA de abandonar definitivamente a luta armada, há já dezanove meses, esteve até agora muito marcado pelo bloqueio na questão dos presos, mas nas últimas semanas manifestou-se com força um problema paralelo: a persistência de julgamentos e encarceramentos por processos políticos. A resistência popular às detenções no Boulevard de Donostia e na Alameda de Ondarroa levou a que as atenções se centrassem no tema, que a maior dos partidos quer apresentar como uma mera questão processual, mas cujas graves consequências saltam à vista quando se repara nos números.
O Eleak está a ultimar uma lista com os processos políticos pendentes, mas já adiantou ao Gara que neles estão directamente envolvidos cerca de 200 cidadãos bascos, processados exclusivamente pela sua actividade política em diversas organizações e movimentos. Actualmente, cerca de 125 encontram-se na prisão, em regime preventivo ou a cumprir penas a que foram condenados pela Audiência Nacional e contra as quais foram interpostos recursos em instâncias superiores. Há ainda o caso dos cinco dirigentes condenados no âmbito do «caso Bateragune», que o Tribunal Constitucional irá agora rever.
Alguns dos casos que ainda não foram a julgamento remontam a 2002, como o das herriko tabernas ou o sumário 35/02. Assim, há pessoas – Idoia Arbelaitz, Rufi Etxeberria, Jon Gorrotxategi, Juani Lizaso, Agustín Rodríguez, entre outras – que estão há mais de onze anos submetidas a um processo judicial.
Esta questão poderá ser julgada pela Audiência Nacional espanhola na segunda metade deste ano, levando quase 40 pessoas a sentar-se no banco dos réus. E também é possível que antes do fim do ano tenha lugar a audiência oral relativa a um processo contra a juventude independentista, que envolve um número semelhante de arguidos e que tem como ponto de partida as 34 detenções efectuadas na noite de 24 de Novembro de 2009.
Segi e Batasuna