Mais 65 palestinos são presos durante busca de Israel por jovens sequestrados

Número de detidos já supera 240 desde o início das buscas por estudantes; Israel também anunciou a construção de mais 172 casas em Jerusalém

As forças de segurança israelenses prenderam durante a noite de desta terça-feira (17/06) mais de 65 palestinos na Cisjordânia ocupada, a maioria integrante do Hamas. A medida faz parte da ofensiva realizada por Israel para encontrar três adolescentes que foram supostamente sequestrados. Embora outros grupos tenham revindicado a autoria da ação, o governo acusa, ainda sem provas, o Hamas de ter raptado os garotos e a Autoridade Palestina de ter responsabilidade pelo ato.

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Soldados israelenses durante busca em Tapuah, na Cisjordânia

De acordo com o porta-voz do Exército israelense, Peter Lenner, a operação de busca dos jovens desaparecidos desde quinta-feira (12/06) tem um segundo objetivo: “destruir a infraestrutura” do Hamas na Cisjordânia. Lenner informou que, além das batidas em domicílios, as tropas realizaram buscas em escritórios do aparelho civil do grupo e de seus órgãos de propaganda, como sua rádio, e apreenderam material eletrônico e documentos.

Segundo o jornal Yedioth Ahronoth, trata-se da maior operação israelense na Cisjordânia desde a segunda Intifada, quando Israel desmantelou as estruturas da ANP (Autoridade Nacional Palestina).

Escalada da tensão

Lenner admitiu ainda que mais de 800 casas foram revistadas na região. Os palestinos acusam Israel de um “castigo coletivo”. Para o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, os autores do sequestro querem “destruir os palestinos”.

“Vamos buscá-los para devolvê-los, porque aqueles que os capturaram desejam nos destruir. Pediremos contas aos sequestradores”, afirmou Abbas hoje, durante a inauguração da reunião da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) na cidade de Jidá.

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Família Shalbi avalia os danos provocados pela ação das tropas israelenses no campo refugiados de Askar

Na Faixa de Gaza, o Hamas e a Jihad Islâmica advertiram que responderão aos ataques de Israel contra seus militantes na Cisjordânia, o que pode gerar uma nova escalada militar na região.

De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamín Netanyahu, seu governo não irá diminuir as represálias. “Estamos em meio a uma operação de grande escala que ainda incluirá muitas ações contra os terroristas que atacam, assassinam e sequestram cidadãos israelenses e querem destruir o Estado de Israel”. Netanyahu afirmou ainda que seu país “luta contra o terrorismo e o Hamás seguirá pagando um alto preço por sequestrar” os jovens.

Ceticismo

Para os palestinos, a campanha israelense #BringBackOurBoys (tragam nossos garotos de volta) corresponde a uma política “cínica” do governo de Tel Aviv.

“Para os palestinos, o drama não é seguido pela televisão, mas diante de seus olhos. E com mais de cinco mil palestinos atualmente detidos em prisões israelenses, muitos veem a campanha de Israel com profundo ceticismo”, escreveu a agência palestina Ma’am.

O político palestino Ali Qaraqe questionou: “o que são três diante de milhares”?, referindo-se ao meio milhão de palestinos detidos desde 1967. “Esses prisioneiros por acaso não têm pobres famílias?”, sugeriu à agência.

Novas Colônias

Em meio à escalada de tensão na região, Israel anunciou a construção de 172 novas casas para colonos judeus na Jerusalém ocupada.

Em 26 de maio, durante a visita do papa Francisco à Terra Santa, as autoridades palestinas haviam anunciado a construção de outras 50 casas no Leste de Jerusalém. Uma semana depois, o governo autorizou a construção de 3.200 casas nas colônias de Jerusalém e da Cisjordânia, em represália à formação de um governo de coalizão entre o Hamas e a ANP.

Fotos: Agência Efe

Fonte:  Opera Mundi

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