Por Úrsula Noronha.
Segundo pesquisa do datafolha, 55% dos brasileiros são contra a privatização da petroleira. Para 74% da população, a empresa não deveria ser vendida para grupos estrangeiros em hipótese alguma. Foram entrevistados 1.500 adultos nesta terça-feira (29) em todas as regiões do país e a maioria deles foi contra a absurda política de privatizar a Petrobrás. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos.
A privatização da Petrobrás veio tendo uma ofensiva no governo golpista de Temer, que aprofundou ainda mais a submissão ao imperialismo que já existia nos governos do PT. A população, que é a maior afetada pela venda da Petrobrás ao capital estrangeiro, veio sentindo no cotidiano como isso tem consequências profundas, como é possível perceber com a indignação massiva com os preços absurdos dos combustíveis.
Nesse contexto, é impossível dissociar como o PT cumpriu um papel essencial para o que acontece hoje. Dilma Rousseff, por exemplo, assinou junto a José Serra a venda de poços de pré-sal a petroleiras como a anglo-holandesa Shell, e Temer deu continuidade a isso, aprofundando ainda mais, ao aprovar a política de revisão dos preços de combustíveis.
A oscilação dos preços era uma exigência das grandes petroleiras estadunidenses, como a ExxonMobil e a Chevron, a britânica BP e a francesa Total, para poder entrar no Brasil. Hoje, a maior abertura para capital estrangeiro é explícita: ao invés da Petrobrás variar o preço dos combustíveis em períodos específicos, ela altera de acordo com a câmbio do dólar, cotação do barril de petróleo, concorrência das importadoras. Assim, o lucro das empresas está sempre garantido, enquanto a população pobre tem seu ônus agravado.
Enquanto a Petrobrás estiver sob gestão dos políticos que governam nesse sistema, sempre haverá abertura para o capital estrangeiro. Para que haja redução dos preços dos combustíveis sem dar subsídios aos patrões e a Petrobrás seja 100% estatal, é preciso que ela esteja sob gestão dos petroleiros e controle da população.
Nesse sentido, a greve dos petroleiros iniciada hoje deve cumprir um importante papel para ser uma alternativa independente e ir contra todos os interesses da patronal, diferente de como estão sendo as manifestações dos caminhoneiros, que pedem até intervenção militar. Ela é o único jeito de os trabalhadores superarem suas burocracias sindicais e obrigarem a CUT a organizar imediatamente uma paralisação nacional por uma Petrobrás 100% estatal gerida pelos trabalhadores e controlada pela população. Só assim será possível a planificação da utilização dos recursos adquiridos para o benefício da população, e não do lucro dos acionistas.