Por Mães de Maio.
No Brasil, 160 pessoas foram assassinadas por dia em 2015: uma pessoa morta a cada 9 minutos. No total 58.383 vidas foram arrancadas violentamente por homicídio ao longo do último ano. Foi isto que revelou o mais recente anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em números oficiais. Se considerarmos que tais números oficiais geralmente são subestimados, conforme revelou estudo recente feito pelo IPEA sobre “o Mapa de Homicídios Ocultos no Brasil”, chegamos à conclusão de que seguramente MAIS DE 60.000 PESSOAS FORAM ASSASSINADAS NO BRASIL AO LONGO DE 2015 .
Para se ter uma ideia da gravidade desta situação basta pensar que a Guerra da Síria matou violentamente, nos últimos 4 anos, um total de 256 mil pessoas. Durante o mesmo período, no Brasil, quase 279 mil pessoas foram assassinadas. Ou seja: A GUERRA NÃO DECLARADA NO BRASIL MATA MAIS DO QUE A GUERRA DECLARADA NA SÍRIA. Esses índices brasileiros representam 11,4% DOS HOMICÍDIOS EM TODO O MUNDO, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia alertado pouco tempo atrás: a cada 100 homicídios no planeta, no mínimo 11 deles ocorrem comprovadamente no Brasil.
Deste total alarmante, um número expressivo de mortes é cometido por policiais e/ou grupos paramilitares ligados direta ou indiretamente à polícia brasileira. Os números atestam que, no mínimo, 9 PESSOAS POR DIA FORAM MORTAS PELAS POLÍCIAS DO BRASIL AO LONGO DE 2015, o que representou 3.345 VIDAS arrancadas violentamente pela polícia somente no ano passado. Isto significa que a polícia brasileira mata em apenas 6 dias o que a polícia britânica, por exemplo, demora 25 anos para matar. É isto mesmo que você leu: 6 dias versus 25 anos!
Estudos ainda apontam que há um forte recorte racial, social e geográfico nessas mortes violentas epidêmicas. Conforme o Relatório Final da CPI de Homicídios Juvenis do Congresso Federal, recém-publicado: 63 jovens negros são assassinados por dia no Brasil – um jovem negro morto a cada 23 minutos. Os números atestam, portanto, as conclusões alarmantes a que já tinha chegado o “Mapa da Violência de 2016”, estudo anual coordenado pelo professor Júlio Jacobo Waiselfisz, o qual constatou que entre 2004 e 2014 houve um crescimento de 18,2% de homicídios contra negros, em contraponto a uma diminuição de 14,6% contra pessoas que não são pretas ou pardas. Ou seja, o racismo segue matando (e muito!) no Brasil. Assim como a condição econômica e social, o CEP de moradia, trabalho ou de estudo das vítimas preferenciais: jovens negros, trabalhadores pobres, moradores de bairros periféricos.
Finalmente, deve-se dizer que os agentes policiais não são apenas algozes deste genocídio. O número de policiais – a maioria negros e pobres também – vítimas de homicídios quando estão em serviço ou de folga também são altos no país. No ano passado, por exemplo, 393 policiais foram mortos de forma violenta. Segundo o anuário do FBSP, os policiais brasileiros são três vezes mais assassinados fora do horário de serviço do que trabalhando. Mas em 2015 houve crescimento de 30,5% no número de policiais assassinados: 103 morreram durante o expediente e 290 fora, geralmente em situações de reação a roubo.
É CONTRA ESTE CENÁRIO DE GENOCÍDIO QUE PROPOMOS A CAMPANHA INTERNACIONAL
#BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter
Trata-se de uma Campanha Internacional que lançada no dia 17/11, na mesma data em que lançaremos o livro “Mães em Luta – 10 anos dos Crimes de Maio”, organizado por André Caramante da Ponte Jornalismo, durante as atividades do #NovembroNegro e do Mês da Consciência Negra aqui no Brasil. Trata-se de uma campanha e um conjunto de atividades pensadas pelas Mães e Familiares de Vítimas Diretas deste Genocídio, pessoas, famílias e histórias reais, de carne e osso, lutos e lutas. Para nós, Mães de Maio e a nossa Rede de Mães e Familiares de Vítimas do Estado Brasileiro, as Mães de Vítimas não têm Fronteiras, as Mães de Vítimas não têm Raça, Pátria nem Patrão: Nós Somos Mães e Familiares lutando pela Vida de nossos Filhos e Filhas, sem distinção! Por isso ela será uma campanha organizada junto a uma série de movimentos sociais nacionais e internacionais também, a começar pela rede #BlackLivesMatter dos Estados Unidos.
Com ela nós queremos gritar ao mundo, daqui de dentro desta guerra genocida no Brasil, e sentindo todos os efeitos terríveis dela: NÃO É POSSÍVEL MAIS CONVIVER COM ESTA ERA DE CHACINAS E SEUS CASOS SANGRENTOS QUE SE SUCEDEM COTIDIANAMENTE, HÁ MAIS DE 20 ANOS, COMO SE FOSSE ALGO NORMAL E CORRIQUEIRO… A Chacina de Acari, o Massacre da Candelária, o Massacre do Carandiru, o Massacre do Sonho Real (em Goiânia), os Crimes de Maio de 2006, a Chacina da Cabula, a Chacina de Manaus, a Chacina da Messejana (Fortaleza), a Chacina de Natal, de Joinville, os Amarildos, as Claudias, a Chacina de Costa Barros em 2015, as execuções sumárias cotidianas por todo o Brasil, até o mais recente caso de barbárie policial aqui no estado de São Paulo: o desaparecimento seguido da execução cruel dos 5 Jovens da Zona Leste da capital paulista, agora mesmo em Novembro de 2016.
Nossa campanha internacional apela para que nós juntos consigamos DAR UM BASTA NESTE VERDADEIRO GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO NEGRA, POBRE E PERIFÉRICA BRASILEIRA!!!
NOSSAS VIDAS E AS VIDAS DOS NOSSOS FILHOS E FILHAS IMPORTAM!!!*
Por favor, compartilhem esta convocatória utilizando as 3 hashtags abaixo, juntas:
#BlackLivesMatter #BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter
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Fonte: Ninja.