Dois dias após a morte do deputado chavista Robert Serra, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, relacionou o crime à ação de paramilitares colombianos no país e disse que as investigações, em estágio avançado, já indicam quem são os autores e os mentores intelectuais do assassinato. As declarações foram feitas em pronunciamento na Assembleia Nacional durante as homenagens ao deputado nesta sexta-feira (03/10).
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Não tenho dúvidas de que são paramilitares da Colômbia que assessoraram esses métodos de morte e seguiremos buscando os [autores] intelectuais. É uma batalha dura e complexa que deve nos levar a aprimorar os mecanismos de segurança dos dirigentes da revolução e do povo”, afirmou o mandatário.
A versão foi confirmada pelo secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), Ernesto Samper. No Twitter, ele escreveu que “o assassinato do jovem deputado Robert Serra na Venezuela é um sinal preocupante de infiltração de paramilitares colombiano”.
Robert Serra foi assassinado a facadas juntamente com a esposa, María Herrera, na casa em que viviam em Caracas, na noite da última quarta-feira. De acordo com Maduro, “as investigações avançaram mais do que pode ser informado neste momento, toda a evidência criminalística e as pistas estão avançadas para identificar os autores materiais” e intelectuais.
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O presidente lembrou o caso revelado no início de novembro que ligou Lorent Gómez Saleh a supostas atividades suspeitas. Ele “estava sendo treinado na Colômbia por grupos ligados ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez, mas o agarramos em flagrante, com vídeos que demonstram planos de assassinar quadros diversos da revolução”.
No dia 17 de setembro, o ministro do Poder Popular para as Relações do Interior, Justiça e Paz, Miguel Rodríguez Torres, apresentou evidências de que Saleh planejava atividades conspirativas contra líderes do chavismo. Rodríguez disse à época que o grupo ao qual o jovem pertence é financiado e instruído por Uribe.
Veja o vídeo da denúncia (em espanhol)
Saleh foi detido no início de novembro por expedição de documentos falsos, facilitação de ingresso ilegal de estrangeiro e falsificação de documento.
Maduro disse ainda no discurso realizado hoje que esses grupos também estariam ligados à morte do militar Eliécer Otaiza, assassinado em abril. Quase todos os membros foram capturados, exceto “o homem chave, o que sabe quem pagou para matá-lo e como foi planejado o assassinato para que parecesse ser um fato fortuito de crime comum”, afirmou o presidente.
Em uma postagem no Twitter, o senador e ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, criticou a postura do mandatário colombiano, Juan Manuel Santos, de apoiar Maduro para o Conselho de Segurança da ONU e ironizou a acusação de ter ligação com o assassinato de Serra.
Quem foi Robert Serra
Advogado, Serra começou a carreira política como conselheiro juvenil e foi o fundador do Movimento Avançada Revolucionária, constituído por jovens.
Antes de assumir cargo público, foi dirigente estudantil. A primeira aparição pública que fez foi durante o primeiro debate de estudantes na Assembleia Nacional, em junho de 2007.
O discurso fez com que fosse convidado pelo então presidente, Hugo Chávez, a integrar a comissão presidencial do Poder Popular Estudantil, criada pelo mandatário no mesmo ano.
Veja o discurso aqui (em espanhol):
Em 2009, participou das eleições internas do partido para concorrer como candidato à Assembleia Nacional, sendo eleito deputado em 2010.
Serra teve ainda um importante papel na articulação entre a juventude do PSUV e o Ministério para o Interior, Justiça e Paz, com o objetivo de trabalhar a questão da insegurança com o programa Mil Vezes Juventude.
Em homenagem ao deputado, Maduro anunciou a criação da Missão Jovens da Pátria Robert Serra, que vai ativar grupos de dez jovens bolivarianos em cada uma das três mil bases de missões socialistas instaladas pelo governo nacional para formar outros jovens.
Fonte: Ópera Mundi.