Macri e a novela Odebrecht

macri-odebrechtPor Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

(Português/Español).

Nos últimos dias na Argentina foram descobertas algumas conexões da Lava Jato que o governo de Mauricio Macri tenta calar.

O depoimento do detido Leonardo Meirelles no Brasil lançou luz sobre um estratagema financeiro que o Grupo Macri estabeleceu há muitos anos em nosso país.

Nesta semana, dois juízes fizeram uma invasão conjunta nos escritórios do bairro chique de Puerto Madero da Cidade de Buenos Aires, onde a empresa IECSA, sócia da Odebrecht na Argentina, tem a sua sede. Lá foi encontrada documentação que está sendo analisada pelos funcionários da justiça e que demonstrariam que esta empresa, pertence ao Grupo Macri. A empresa IECSA, desde 2007 pertencia nos papéis a seu primo Ángelo Calcaterra e sempre resultou suspeito que, como dono, recebesse um salário anual estipulado, e que não participasse da distribuição do lucro.  A existência de um contradocumento, assinado nesses anos demonstrariam que Mauricio Macri e sua família são os verdadeiros donos.

Também foi descoberta documentação que provaria a participação de executivos do Grupo Macri em uma financeira destinada a lavar dinheiro, pela qual tinham acusado outro sócio de IECSA: Lázaro Báez, que permanece preso faz meses e foi usado como ponta de lança midiática contra Cristina Fernández de Kirchner, com quem não foi achado nenhum vínculo. A financeira SGI, que se chamou nas operações midiáticas “La Rosadita” em alusão à Casa Rosada, tinha como donos empregados hierárquicos do grupo Macri.

Nas investigações que estão sendo realizadas  por estes dois juízes, por duas causas diferentes, também encontraram o representante do Grupo Odebrecht em nosso país: trata-se de Jorge “Corcho” Rodríguez, um homem vinculado, na década de 90, com dois homens já falecidos: o milionário empresário Jorge Born e Rodolfo Galimberti , um ex-guerrilheiro nos anos 70 que começou a ter fortes conexões com a CIA (Central Intelligence Agency ).

Rodríguez esteve envolvido em alguns escândalos judiciais por calote com jogos na televisão. Por causa disto, depois manteve um perfil baixo que o afastou das manchetes de jornais e revistas.

Agora, diante da imprensa, Jorge Rodríguez negou estar vinculado à Odebrecht, mas os promotores e juízes estão achando documentação que prova que ele viajou à China como representante da empresa numa viagem oficial durante o governo de Cristina Kirchner.

O depoimento de Leonardo Meirelles, realizado no Brasil, envolve diretamente o amigo e escrivão de Macri, Gustavo Arribas, atual chefe da AFI (Agência Federal de Investigações), já que manifestou ter realizado pelo menos 10 transferências de dinheiro para a conta deste senhor.

Mauricio Macri tenta desesperadoramente cobrir todas as rachaduras na sua narrativa de suposto homem decente, mas ficou impossível. Trocou o Procurador do Tesouro e indicou no seu lugar Bernardo Saravia Frías, advogado do Grupo Macri; realizou manobras judiciais escandalosas com juízes afins para tentar remover um membro do Conselho da Magistratura (organismo que destitui e nomeia juízes) e colocar em seu lugar um que responda a ele; lançou uma forte campanha midiática para tentar desprestigiar a Procuradora Geral da Nação, a Dra. Alejandra Gils Carbó que é quem dirige o Ministério Público Fiscal. Não satisfeito com isso, vendo que toda precaução é pouca com este escândalo da Odebrecht que o implica, tenta uma forte pressão judicial contra a Dra. Gils Carbó com o objetivo de removê-la,  algo que é expressamente proibido na Constituição Nacional.

Faz uns meses se soube de outra manobra que Macri estava realizando desde o Estado com a empresa Correo Argentino, que pertencia ao Grupo Macri, cuja concessão foi retirada no ano 2004 por incumprimento no pagamento do cânon. Desde então, a empresa tem um litígio contra o Estado. Macri, agora presidente, assinou um acordo absolutamente desvantajoso para o Estado, porque dos 14.400.000 milhões de reais que deveriam pagar, apenas desembolsariam um 1% durante 25 anos. O escândalo desatado fez com que o presidente tivesse que dizer publicamente que tinha dado a ordem de que tudo voltasse ao início. Mas, seus filhos e seus irmãos, os acionistas principais da empresa, disseram que querem que o acordo seja respeitado. Apesar de que isto derivará em uma nova causa judicial contra o Estado em que os Macri procurarão se enriquecer por “incumprimiento do contrato”, já que existe uma causa contra Mauricio Macri por este evidente abuso de poder no exercício do seu cargo. E uma das coisas que se encontrou na investigação é que o principal credor da empresa Correo Argentino é o Meinl Bank Antigua, um banco situado em um paraíso fiscal e 51 % das ações pertencen à Odebrecht.

Foi através deste banco que a Odebrecht contribui com uma importante soma de dinheiro para a campanha presidencial de Mauricio Macri.

O desespero do presidente ao ver que a verdade está saindo à luz de forma incontível está ficando evidente quando manda o Ministro da Justiça aos Estados Unidos para averiguar que processos têm lá em relação à Odebrecht, ou quando se pretende impor uma modificação à “lei do arrependido” para transformá-la  praticamente em uma anistia para o delator.

E para somar suspicácias, na quarta-feira 7, quando chegava de bicicleta aos Tribunais Federais, foi atropelado o promotor Federico Dogado por uma caminhonete que não respeitou o semáforo. Este promotor, que se encontra fora de perigo porque só tem feridas cortantes e traumatismos, tem a investigação da causa Odebrecht e a causa Panamá Papers, que envolvem Macri e sua família.

Espiões, acidentes, extorsão midiática… a novela Odebrecht na Argentina está apenas começando.

Tradução: Tali Feld Gleiser, para Desacato.info.


Macri y la novela Odebrecht

En los últimos días en Argentina se han ido descubriendo algunas conexiones del Lava Jato que el gobierno de Mauricio Macri intenta acallar.

Las declaraciones del detenido Leonardo Meirelles en Brasil han arrojado luz sobre un entramado financiero que el Grupo Macri ha venido llevando a cabo a lo largo de muchos años en  nuestro país.

Esta semana dos jueces hicieron un allanamiento conjunto en las oficinas del coqueto barrio de Puerto Madero de la Ciudad de Buenos Aires, en la que la empresa IECSA, socia de Odebrecht en Argentina, tiene sus oficinas. Allí se encontró documentación que está siendo analizada por los funcionarios judiciales y que demostrarían que esta empresa pertenece al Grupo Macri. La empresa IECSA, desde 2007, pertenecía en los papeles a su primo Ángelo Calcaterra y siempre resultó sospechoso que, como dueño, cobrara un salario anual estipulado, y que no participara del reparto de dividendos. La existencia de un contradocumento firmado en esos años demostrarían que Mauricio Macri y su familia son los verdaderos dueños .

También se descubrió documentación que probaría la participación de ejecutivos del Grupo Macri en una financiera destinada a lavar dinero, por la que habían acusado a otro socio de IECSA: Lázaro Báez, que permanece detenido desde hace meses y fue usado como ariete mediático contra Cristina Fernández de Kirchner, con la que no se le ha podido encontrar ninguna vinculación. La financiera SGI, que se llamó en las operaciones mediáticas “La Rosadita” en alusión a la Casa Rosada,  tenía como dueños a empleados jerárquicos del grupo Macri.

En las investigaciones que están llevando a cabo estos dos jueces, por dos causas diferentes, también encontraron al representante del Grupo Odebrecht en nuestro país: se trata de Jorge “Corcho” Rodríguez, un hombre vinculado en la década del 90, a dos hombres ya fallecidos: al millonario empresario Jorge Born y a Rodolfo Galimberti , un ex guerrillero en los años 70 que había pasado a  tener  fuertes vinculaciones con la CIA (Central Intelligence Agency).

Rodríguez se había visto envuelto en algunos escándalos judiciales por estafa con juegos televisivos  por lo que  luego cultivó un bajo perfil que lo mantuvo alejado de los titulares de diarios y revistas.

Ahora, ante la prensa Jorge Rodríguez negó estar vinculado a Odebrecht, pero los fiscales y jueces están encontrando documentación que prueban que viajó como representante de la empresa  a China en un viaje oficial durante el gobierno de Cristina Kirchner.

Las declaraciones de Leonardo Meirelles realizadas en Brasil involucran directamente al amigo y escribano de Macri, Gustavo Arribas, actual jefe de la AFI (Agencia Federal de Investigaciones), ya que manifestó haber realizado al menos 10 transferencias de dinero a la cuenta de este señor .

Mauricio Macri intenta desesperadamente cubrir todas las grietas en su relato de supuesto hombre decente, pero ya es imposible. Ha cambiado al Procurador del Tesoro, poniendo en su lugar a Bernardo Saravia Frías, abogado del Grupo Macri; realizó maniobras judiciales escandalosas  con jueces afines para intentar remover a un miembro del Consejo de la Magistratura (organismo que destituye y nombra jueces) y colocar en su lugar a uno que le responda;  lanzó una fuerte campaña mediática para intentar desprestigiar a la Procuradora General de la Nación, la Dra. Alejandra Gils Carbó que es quien dirige el Ministerio Público Fiscal. No conforme con eso, viendo que toda precaución es poca con este escándalo de Odebrecht que lo involucra, intenta una fuerte presión judicial contra la Dra Gils Carbó con la finalidad de poder removerla algo que está prohibido expresamente en la Constitución Nacional.

Hace unos meses se conoció otra maniobra que Macri estaba realizando desde el Estado con la empresa Correo Argentino, que pertenecía al Grupo Macri, cuya concesión le fue retirada en el año 2004 por incumplimiento en el pago del canon. Desde entonces, la empresa estuvo litigando contra el Estado. Macri, ahora presidente, firmó un acuerdo absolutamente desventajoso para el Estado, ya que de los 70.000 millones de pesos que deberían pagar , apenas pagarían el 1% a lo largo de 25 años. El escándalo desatado hizo que el presidente debiera decir públicamente que había dado la orden de volver todo a “fojas cero”. Pero, sus hijos y sus hermanos, los accionistas principales de la empresa, dijeron que quieren que se respete el acuerdo.  Si bien esto derivará en una nueva causa judicial contra el Estado donde los Macri buscarán enriquecerse por “incumplimiento del contrato”, ya hay una causa contra Mauricio Macri por este evidente abuso de poder al ejercer su cargo. Y una de las cosas que se encontró en la investigación, es que el principal acreedor de la empresa Correo Argentino, es el Meinl Bank Antigua, un banco situado en un paraíso fiscal del que el 51 % de las acciones, pertenecen a Odebrecht.

Fue a través de este banco que Odebrecht aportó una importante suma de dinero para la campaña presidencial de Mauricio Macri.

La desesperación del presidente al ver que la verdad está saliendo a la luz de manera incontenible, está haciéndose evidente cuando manda al Ministro de Justicia a Estados Unidos a averiguar qué actuaciones hay allí sobre Odebrecht; o cuando pretende imponer una modificación a la “ley del arrepentido” para transformarla  prácticamente en una amnistía para el delator.

Y  para sumar suspicacias, ayer cuando llegaba en bicicleta a los Tribunales Federales, fue atropellado el fiscal Federico Delgado por una camioneta que no respetó el semáforo. Este fiscal, que se encuentra fuera de peligro ya que  sólo tiene heridas cortantes y traumatismos, tiene la investigación de la causa Odebrecht y la causa Panamá Papers, que involucran a Macri y su familia.

Espías, accidentes, extorsión mediática… la novela Odebrecht en Argentina apenas está comenzando.

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Foto: Captura

 

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