Por Leda Sangiorgio.
O sono das crianças, ou a falta dele, é um assunto que tira a paz das mães e pais. Crianças que não dormem, dormem mal, dormem pouco ou que não querem dormir são queixas rotineiras nos consultórios de pediatras e neuropediatras. Mas, o que os pais não podem ignorar é o malefício para o sono causado pela exposição à luz emitida por tablets, celulares, computadores e televisão.
Para reforçar o lado negro da luz emitida pelos eletrônicos, a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa que acaba de ser divulgada na revista Physiological Reports, sobre o impacto da luz brilhante na produção da melatonina, o hormônio que avisa o corpo que é hora de dormir.
E o resultado foi assustador: uma hora de exposição a qualquer tela que emita a luz brilhante reduz em 88% os níveis da melatonina e o efeito pode durar até 50 minutos após a retirada do eletrônico.
Para a neuropediatra, Dra. Karina Weinmann, cofundadora da NeuroKinder, esse estudo é muito importante para alertar os pais de que o desenvolvimento infantil está em risco devido à super exposição dos pequenos aos eletrônicos, em idades cada vez mais precoces.
“O sono com qualidade é fundamental para o crescimento, amadurecimento do cérebro e consequentemente para o desenvolvimento infantil. Quando a criança não dorme, ela pode apresentar alterações de comportamento, déficits de aprendizagem, alteração nos níveis de ansiedade e estresse, sem contar os efeitos no organismo, como um todo”, comenta Dra. Karina.
Esse foi o primeiro estudo que avaliou o impacto fisiológico dos eletrônicos em crianças pequenas e serve de alerta em um momento em que tablets e celulares viraram rotina na noite das crianças.
Luz e melatonina
Dra. Karina explica que a luz serve para avisar o corpo que é hora de acordar e, a falta dela, hora de dormir. “Quando anoitece, a falta de luz faz com que a melatonina seja produzida e é este hormônio que ajuda na indução e aprofundamento do sono, garantindo a sua qualidade. Porém, ao expor a criança à luz dos eletrônicos, são enviados sinais para suprimir a produção da melatonina, desequilibrando o ciclo circadiano, responsável por dar ao nosso corpo o nosso ritmo biológico”.
Vale lembrar que a melatonina desempenha outras funções no organismo, como a regulação da temperatura, pressão sanguínea e o metabolismo da glicose. Então, podemos concluir que a exposição noturna à luz brilhante vai muito além do sono.
Dicas
Com estes resultados, é preciso repensar os hábitos da família e a rotina da noite. “A recomendação é evitar ao máximo deixar a criança ficar vendo TV ou usar os outros eletrônicos depois que o sol se põe. Além disso, o uso dos eletrônicos não é recomendado para crianças menores de dois anos e, para as maiores, não deve ultrapassar uma hora por dia”, reforça Dra. Karina.