Por Gabriel Siqueira.
“Cada negro que for
Mais um negro virá
Para lutar
Com sangue ou não
Com uma canção
Também se luta irmão”Simonal
Sim! Na África nasceram, viveram, lutaram e morreram diversos líderes revolucionários. Homens e mulheres de ação, de envergadura intelectual e prática. Dentre estes, podemos destacar o líder congolês Patrice Lumumba.
Patrice Émery Lumumba, nasceu e foi chamado de Élias Okit’Asombo (Onalua, Congo Belga, 2 de Julho de 1925 – Katanga, 17 de Janeiro de 1961), foi um líder anticolonial, nacionalista, revolucionário, um autêntico político congolês.
Sua carreira política foi encurtada pela intervenção estrangeira na luta anticolonial do Congo, já que ele optou por se alinhar aos valores anti-imperialistas e do pan-africanismo, defendendo consistentemente a solidariedade entre os povos da África para além dos limites de nação, etnia, cultura, e do gênero, encorajando à luta não-violenta contra o colonialismo e convocando ao diálogo os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Esteve nas Nações Unidas denunciando o massacre político, econômico, bélico e cultural imposto aos países da África pelas nações europeias.
Fundador do Movimento Nacional Congolês (MNC), foi a principal liderança na luta contra a dominação colonial belga no Congo, tendo participação decisiva na libertação de seu país do julgo colonialista e imperialista europeu. Foi eleito primeiro-ministro de seu país, em 1960, mas ocupou o cargo apenas por 12 semanas, pois seu governo foi derrubado por um golpe de Estado sangrento liderado pelo coronel Joseph Mobutu, com apoio de países como Inglaterra e Bélgica (antiga metrópole). Os interesses das multinacionais eram continuar explorando as riquezas naturais do Congo, principalmente os minérios, como ouro, diamantes, ferro, cobre, cobalto e urânio.
Ao tentar fugir para o leste do país, Lumumba seria capturado algumas semanas mais tarde. S
eu assassinato, que ocorreu em janeiro de 1961, teve participação do governo dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Bélgica, sendo uma das maiores demonstrações de covardia e da violência colonial. Lumumba foi amarrado, espancado, esculachado e humilhado antes de ser fuzilado. A brutalidade de seu assassinato é comparada à execução de Che Guevara. Ele foi torturado durante duas semanas e as tropas da ONU presentes no país nada fizeram até que militares congoleses e mercenários europeus o encostaram numa árvore e o fuzilaram.
(Morte de Lumumba – https://www.youtube.com/watch?v=1emIDPebEQs)
Aliás, Lumumba havia pedido ajuda da ONU para mediar o conflito, mas as Nações Unidades negaram. Apenas a União Soviética mandou ajuda para o Congo.
A morte de Lumumba é o exemplo da brutalidade de trigêmeos mundiais: o colonialismo, o imperialismo e o escravismo. Foi deposto do cargo de primeiro-ministro para que o Congo fosse dividido novamente pelos colonizadores, para que o país fosse um quintal das economias do norte, foi preso, amarrado, torturado como um escravo sob coordenação de belgas, estadunidenses e ingleses. Sua morte foi encomendada na terra da rainha, enquanto lordes tomavam chá.
Preso, Lumumba escreveu uma carta, quase um testamento para sua esposa:
“Ao longo da minha luta pela independência do meu país, nunca duvidei por um só instante do triunfo final da causa sagrada à qual os meus amigos e eu consagramos a nossa vida. Mas aquilo que queríamos para o nosso país, o seu direito a uma vida honrosa, a uma dignidade sem mácula, a uma independência sem restrições, o colonialismo belga e os seus aliados ocidentais – que encontraram apoios diretos e indiretos, deliberados e não deliberados, entre certos altos funcionários das Nações Unidas, esse organismo em que depositáramos toda a nossa confiança quando apelamos à sua assistência – nunca o quis.”
A morte de Lumumba tem um teor forte de colonialismo, escravismo e racismo em meio ao século 20. No século 21 o esquecimento dele, da sua contundência política e de sua morte martirizada representam o aculturamento e o colonialismo político e intelectual a que estamos submetidos no Brasil.
O rosto de Lumumba poderia ser de Zumbi, do Almirante Negro João Cândido, mas até uma parte da esquerda escolheu seus revolucionários pela cor ou pela nacionalidade de forma subserviente e colonizada.
Cabe a nós modificar este cenário, Lumumba é exemplo de luta contra colonialismo, o imperialismo e o racismo. Além disso, ele tem a nossa cara, nosso rosto e respirou nossos maiores sonhos!
Salve Lumumba 90 anos
Salve África mãe
Pátria Livre
Gabriel Siqueira
Secretário Político Municipal das Brigadas Populares Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/Brigadas Populares
Fonte: Brigadas Populares