Lula sobre julgamento na madrugada: “Acham que isso vai diminuir as críticas a Bolsonaro”

Ex-presidente diz não estar preocupado com o julgamento e que sua consciência está "mais tranquila do que a de Moro". Defesa de Lula pediu adiamento do recurso no STJ

Foto: Ricardo Stuckert.

O ex-presidente Lula (PT) comentou em entrevista à rádio Povo do Ceará nesta quinta-feira (23) sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em agendar na madrugada desta quarta-feira (22) o julgamento de um recurso da defesa do petista no caso do triplex do Guarujá. Para Lula, trata-se de uma nova “cortina de fumaça” que busca diminuir as críticas ao presidente Jair Bolsonaro em meio à pandemia.

Questionado sobre uma possível preocupação com relação ao julgamento, o ex-presidente disse estar tranquilo. “Se tiver, entre os 210 milhões de brasileiros, um ser humano com consciência tranquila, sou eu. Quando decidi ir para Curitiba, fui porque preciso provar que a força-tarefa de Curitiba é mentirosa, que Moro é mentiroso. Eu to muito tranquilo”, disse.

“Eu fiquei surpreso que isso tenha acontecido na calada da noite, sem avisar sequer a defesa. Eles acham que isso vai diminuir as críticas ao Bolsonaro. Mas não to preocupado. Se tivesse uma balança para medir consciência pesada, eu mediria com Moro e com todos eles, para verem como a consciência de Moro está mais pesada do que a minha”, continuou.

A análise do caso começou na tarde desta quarta e deverá continuar até o próximo dia 28. A defesa do ex-presidente entrou com um pedido de adiamento de recurso, argumentando pouco tempo para a elaboração de uma resposta.

Na entrevista à rádio cearense, o ex-presidente também comentou sobre a importância da campanha do “Fora, Bolsonaro” para viabilizar o impeachment do ex-capitão. Para Lula, não há saída para a crise do coronavírus com Bolsonaro no poder.

“Eu cheguei à conclusão que não tinha saída para o Brasil com o Bolsonaro. Ele não quer. Não é possível que ele tenha um ministro como Guedes que só tem interesse em vender o patrimônio público. É o mesmo dinheiro que tá rodando, quando deveria estar rodando dinheiro novo, como estão fazendo muitos países do mundo”, disse o ex-presidente.

“Se a gente quiser saída, não será com Bolsonaro. Temos que começar o movimento ‘Fora, Bolsonaro’, porque se ninguém começar não vai acontecer. Não podemos ficar só observando Bolsonaro destruir a democracia. Ele não gosta da democracia e não gosta da política, ele só viveu às custas da política”, continuou.

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