Frustração. Foi essa sensação que tomou conta dos militantes dos sindicatos, movimentos populares e organizações de juventude combativos que participaram da plenária dos movimentos sociais na quadra dos bancários.
Por Carlos Bandeira.*
A proposta original da plenária era animar a militância para as batalhas, discutir uma plataforma e organizar as lutas do próximo período, para enfrentar a ofensiva dos setores conservadores.
Ou seja, o momento era de organizar a tropa para encarar a guerra declarada no dia 15 de março.
O discurso do ex-presidente Lula, no entanto, foi um banho de água fria, com a defesa intransigente do governo Dilma, sem apresentar nenhuma contrapartida para as forças progressistas. Em resumo, ele disse que as pautas dos movimentos popular não serão atendidas, mas mesmo assim devem sustentar o governo.
O economia brasileira passa por um momento bastante complicado, em um quadro de crise econômica mundial. No entanto, o governo tem apresentado como remédio medidas que representam perdas para os trabalhadores.
Qual a contribuição o capital financeiro, os especuladores, as grandes indústrias e redes do setor de serviços, enfim, os milionários darão para enfrentar a crise?
Lula não de uma palavra sobre essa questão. Pelo contrário. Afirmou que o governo quer melhorar a vida dos mais pobres sem mexer no patrimônio dos mais ricos. Até mesmo a bandeira da reforma política, a dita prioridade do PT, não apareceu no discurso do ex-presidente.
Para sustentar esse discurso, Lula leu manchetes de grandes jornais que, em 2003 e 2007, anunciavam o fracasso do seu governo. Ou seja, quem apostar contra Dilma agora errará como fizeram aqueles que agiram dessa forma antes…
Depois de 12 anos, os governos liderados pelo PT não fizeram reformas que mudassem a correlação de forças na sociedade, como a reforma política, mudanças no Poder Judiciário, a reforma tributária e a democratização dos meios de comunicação.
O problema é que nessa década os inimigos das mudanças sociais se organizaram, ganharam músculos e colocam suas artilharias contra o governo, promovendo protestos de massa, em um quadro de crise econômica sem perspectiva de retomada.
A jornada de lutas das forças progressistas no dia 13 de março demonstrou o potencial do movimento sindical, popular e organizações de juventude de crescer em um cenário de enfrentamento.
Era o início de um processo de lutas, com uma perspectiva multiplicadora a nível nacional, que poderia mudar a correlação de forças, ganhar corpo e colocar a esquerda na ofensiva no médio prazo.
No entanto, Lula puxou o freio de mão no começo da subida da ladeira, minando o entusiasmo daqueles que desejam ir além da defesa do governo e querem ir pra cima dos inimigos do povo brasileiro.
Foi no sentido contrário, inclusive, do presidente da CUT Vagner Freitas, que afirmou que não se deve admitir corte de direitos, criticou os ajustes do governo e o papel do ministro Joaquim Levy, cobrou taxação sobre fortunas e limites às remessas de lucro para o exterior.
O ex-presidente crê que será possível passar por essa violenta tempestade sem fazer enfrentamentos e anuncia de antemão que, nesses quatro anos de governo Dilma, nada será feito nesse sentido.
Os governos Lula/Dilma resistiram até agora porque a direita evitou levar a guerra até as últimas consequências, à espreita para o melhor momento do bote. Agora, ela quer.
E não se vence uma guerra sem luta. Bandeiras brancas não derrotam tanques, canhões e mísseis. Nem o George Soros, as 7 Irmãs do Petróleo, a Globo, o Gilmar Mendes e o Sérgio Moro.
*No Escrevinhador
Fonte: Contexto Livre