Por Beatriz Vicentini.
Nas próximas semanas, Piracicaba deveria estar recebendo um livro que recontará em detalhes o que a cidade viveu a partir de março de 1964, por ocasião do golpe militar. Produzido por um grupo de pesquisadores, jornalistas e pessoas que se debruçaram sobre aquele período, a coletânea começou a ser produzida em agosto do ano passado, em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP).
Em fevereiro passado, quando a publicação já se encontrava finalizada em termos gráficos e editoriais – e inclusive com o ISBN concedido ao próprio IHGP que o solicitara -, pronta para ser impressa, a entidade decidiu-se pela não publicação da obra. A decisão de sua Diretoria Executiva foi comunicada à organizadora da obra, via e-mail, sem quaisquer justificativas.
Diante disso, como autores desta obra coletiva, entendemos ser necessário virmos a público para manifestar nossa surpresa e indignação diante do fato. Censura ideológica? Pressões de alguma ordem? Outros interesses? Diante da inexistência de explicações formais do IHGP, entendemos que a sociedade precisa se manifestar.
Cremos que em 2014, quando já se passaram 50 anos do golpe militar, tais atitudes não são mais compatíveis com a prática democrática do país. Piracicaba tem o direito de conhecer mais sobre aquilo que permanece, até hoje, pouco analisado daquele período na cidade: prisões, pressões a sindicalistas e professores, o convívio entre empresários e as forças repressivas, a vigilância constante inclusive sobre cidadãos insuspeitos, a denúncia anônima contra religiosos e docentes, a prática da tortura, perfis daqueles que ousaram reagir.
Caso você concorde, envie um e-mail ao Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP) para que ele possa se explicar. Enquanto isso, nós, os autores da obra, estamos trabalhando para publicá-la. Se quiser nos ajudar, com qualquer quantia, acesse o site de financiamento coletivo:
http://www.kickante.com.br/campanhas/piracicaba-nos-tempos-da-ditadura-0