Livro conta como as bandeiras dos movimentos sem-terra e LBGT se uniram

Obra é lançada no mês em que se celebra o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia

Marcha LGBT em Salvador, em 2015: debate se ampliou no movimento sem-terra. Foto: Manuela Hernández

No mês em que se celebra o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia (hoje, 17), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está lançando o livro LGBT Sem Terra rompendo cercas e tecendo à liberdade, em que integrantes do MST contam suas histórias. O trabalho, publicado pela editora Expressão Popular, foi feito pelo Coletivo LGBT Sem Terra. Para o mês que vem, está previsto um ato virtual de lançamento.

O coletivo surgiu em 2014, durante o 6º congresso nacional dos sem-terra. Eles destacam a evolução do debate “sobre a diversidade sexual e de gênero no interior do movimento”.

Existência e resistência

“A construção de um projeto de reforma agrária popular só é possível se compreendermos a sexualidade humana como parte fundamental da luta pela terra”, afirma Kelvin Nicolas, do Coletivo LGBT em São Paulo. “A existência e resistência ativa desses sujeitos LGBT sem -terra, que constroem o MST, é um alicerce importante no enfrentamento direto contra esse sistema patriarcal, racista e capitalista. Por isso, nós não voltaremos para o armário”, acrescenta.

Capa do livro lançado neste mês: histórias de militantes sem-terra contadas por eles mesmos (Reprodução)

O prefácio assinado pela presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Symmy Larrat. Elaborado de forma colaborativa, o livro traz imagens de militantes LGBTs sem-terra em vários estados do país, “contando suas histórias em primeira pessoa”.

País que mais mata

Uma das organizadoras do livro, Thais Paz, do MST no Rio de Janeiro, lembra que a obra foi escrita, também, em memória de Aline Silva, travesti sem-terra de Pernambuco, assassinada em 2019. “E é muito simbólico que seja lançado agora, logo após o assassinato do Lindolfo, outro militante nosso lá do Paraná. Então, é simbólico porque o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo, mata mais do que países onde a homossexualidade ainda é proibida. É simbólico, forte e doloroso também. Mas nos dá esperança de saber que a gente está construindo um caminho de libertação, um caminho que aponte um futuro revolucionário, que de fato supere todas essas violências que ainda nos cercam.”

O livro pode ser encontrado nos sites e nas livrarias da Expressão Popular. E também nos Armazéns do Campo mantidos pelo MST.

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