Lira e Centrão já propõem aliança com Lula para isolar bolsonarismo na Câmara

Presidente da Casa, que ficou incondicionalmente ao lado de Bolsonaro, assim como caciques que formam o grupo, querem colar no novo governo e eliminar poder da bancada de extrema direita

Por Henrique Rodrigues.

Que o Centrão é um ente fisiológico e nada confiável, isso todo mundo já sabe. Mas se observados os últimos movimentos do grupo de partidos que se encosta em todos os governos para chupinhar o gordíssimo orçamento da União e as posições tomadas em relação ao futuro mandato de Lula (PT), é possível dizer que nem eles suportavam mais as maluquices e tosquices do bolsonarismo que tiveram que suportar durante a aliança com o agora derrotado presidente de extrema direita.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, integrantes do Centrão e até mesmo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já se movimentam para colar no novo governo recém-eleito. As negociações e propostas feitas até agora, segundo esses interlocutores ouvidos pelo diário conservador paulista, seriam em termos benéficos para os dois lados.

O Centrão pretende dar uma base sólida para Lula na Câmara, já que somados à bancada de esquerda formariam uma maioria robusta, ainda que para isso exijam a manutenção de Lira na chefia da Casa, o que não é do agrado do PT, já que o parlamentar foi um aliado de primeiríssima hora de Jair Bolsonaro durante seu mandato. Em contrapartida, o compromisso do Centrão é o de isolar a bancada de extrema direita composta por todo tipo de reacionário descompensado eleito com o discurso bolsonarista, deixando o setor sem qualquer poder real na Câmara, o que para o PT e para os planos de governo do partido seria muito bom.

Há ainda alguns problemas que precisariam ser solucionados antes de uma aliança de fato, como o que fazer com senador Renan Calheiros (MDB-AL), arqui-inimigo de Lira, que tem sido peça fundamental no retorno de Lula ao Palácio do Planalto. Uma outra questão ainda seria a velocidade com que os deputados do Centrão admitiriam sua entrada no futuro governo do petista, já que eles estavam explicitamente colados em Bolsonaro há alguns anos, o que exigiria uma aproximação lenta, para disfarçar a guinada à esquerda, mesmo que por mera conveniência.

 

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