Essa semana o imperialismo norte americano, com o subserviente apoio do sistema de justiça do Reino Unido, autorizou a extradição do jornalista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, para ser julgado pela justiça americana.
A extradição depende apenas de uma decisão final da ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, depois de uma última oportunidade de defesa para Assange, marcada para 18 de maio. Se for extraditado, poderá passar o resto da vida em prisão de segurança máxima nos EUA, sob acusação de espionagem.
As perseguições ao jornalista e ao Wikileaks já vem de anos por expor a hipócrita democracia norte-americana. Um caso de grande destaque foi a divulgação de provas incontestáveis da ação criminosa do governo dos EUA no Iraque. Sua prisão tem como objetivo calar e intimidar quem enfrenta o poderio norte-americano e é um ataque não só a Assange, mas à liberdade de imprensa e aos trabalho jornalístico.
Segue abaixo um trecho do texto escrito pelo jornalista Antônio Lima Júnior com um histórico sobre o caso Assange:
Em fins de setembro do ano passado, uma reportagem do Yahoo News sobre a guerra da mostrou a guerra da CIA contra o Wikileaks e os planos para sequestro e assassinato de Assange. Ao ouvir 30 ex-agentes da CIA, o portal mostrou que o plano ordenado pelo ex-diretor da agência e ex-secretário de Estado Mike Pompeo circulava entre os funcionários da agência em 2017, onde havia a intenção de sequestro, envenenamento e assassinato do jornalista. Apesar de circular dentro do alto escalão do governo Trump, as fontes afirmaram que o plano de sequestro já havia sido arquitetado ainda na administração de Barack Obama. Agentes da CIA também discutiram planos para assassinar outros membros do WikiLeaks baseados na Europa.
Refugiado na embaixada equatoriana desde 2012, Assange encontra-se hoje sob custódia da Polícia Metropolitana de Londres, quando fora preso em abril de 2019, uma clara demonstração de privação das liberdades políticas e democráticas. A perseguição contra Assange começou de forma mais abrupta a partir de 2010, quando o governo sueco emitiu um mandado de prisão contra o jornalista, sob suspeita de estupro contra uma mulher na Suécia, acusação que fora posteriormente arquivada pela justiça sueca, mostrando ser apenas um pretexto para prender Assange e extraditá-lo para os EUA.
Na época, Assange se entregou para a polícia e pagou a fiança, mas num jogo de perseguição constante, se viu obrigado a fugir, adquirindo asilo político na embaixada do Equador em Londres, a partir de 2012, até 2019, quando o governo equatoriano de Lenin Moreno realizou a grande traição de remover o asilo político concedido ao jornalista, permitindo assim que Assange fosse preso e permanecendo assim, desde então, sob custódia da Polícia Metropolitana de Londres.
Nesse período, a militância de Assange e do WikiLeaks não pararam, ao continuar expondo as manobras do imperialismo através de vazamento de documentos sigilosos, a exemplo dos e-mails da candidata Hilary Clinton, durante as eleições dos EUA em 2016, mostrando a sua atividade conspirativa durante o período em que esteve na condição de Secretária de Estado do governo Obama.
As denúncias dos planos de assassinar o jornalista, orquestrados pela CIA, pouco tiveram a devida repercussão na imprensa brasileira, mostrando a sua debilidade e subserviência aos critérios de noticiabilidade das grandes agências internacionais, que buscam calar as vozes opositivas aos grandes conglomerados de comunicação que estão alinhados aos interesses geopolíticos norte-americanos.
Chega a ser uma grande contradição, quando vemos diversos dos grandes jornais nacionais estamparem em seus editorais e capas a defesa da democracia e da liberdade de imprensa. Infelizmente, a democracia e a liberdade de imprensa que esses veículos apregoam é a versão liberal, ou seja, total liberdade para promover e defender os interesses da classe dominante e nada para ouvir e ecoar as demandas reais do povo e da classe trabalhadora. Assim, a outrora contradição se transforma em real afinidade com os interesses hegemônicos daqueles que controlam a imprensa.
Recentemente, o governo norte-americano solicitou a extradição do jornalista, com o interesse de levá-lo à justiça dos EUA e assim terminar de silenciar sua voz opositora, com a possibilidade de prisão perpétua. Assange tenta apelar nas instâncias legais britânicas para evitar tal destino. Até então, nada da imprensa internacional se manifestar, tampouco a brasileira. Qualquer iniciativa de denúncia é taxada como ‘manifestação apoiada por esquerdistas’, caracterização que ignora, por exemplo, a última carta aberta promovida por Christine Ann Assange, mãe do jornalista.
Antes que o pior aconteça, é preciso denunciar o papel da imprensa burguesa, cúmplice diante de tamanha calamidade, através do seu silenciamento, aquela velha teoria jornalística da espiral do silêncio, mas que aqui oculta o real caráter de classe da imprensa. Precisamos, sim, continuar lutando pela vida de Assange e também pelo seu grande legado, o da batalha pela verdadeira liberdade democrática de combater e denunciar as ingerências do imperialismo.
#LiberdadeParaAssange