O SindSaúde/SC vem a público manifestar seu repúdio e posicionamento contrário ao Projeto de Lei 135/2020, do Deputado Sargento Lima (PSL) que pede o retorno da circulação do transporte coletivo, caracterizando o transporte como atividade essencial mesmo em situações de calamidade, emergência, epidemia ou pandemia. Isso irá gerar um crescimento exponencial da contaminação no Estado.
No mesmo debate sobre o retorno do transporte, o deputado autor do projeto defendeu que não se usassem mais qualquer medida de prevenção afirmando que “quem vai construir o futuro de Santa Catarina serão os homens de coragem e não as pessoas que estão se lambuzando de álcool gel, atochando uma máscara no rosto e escondidos embaixo de uma cama feito mocinhas na menarca”.
Repudiamos veementemente a fala desse deputado, e enfatizamos que as mulheres da nossa categoria da saúde não aceitam ser motivo de chacota! É a categoria da saúde, formada por maioria de mulheres, que tem tido a coragem de estarem nos locais de trabalho todos os dias, atendendo os doentes apesar das más condições de trabalho. Diga-se de passagem, essas más condições de trabalho se agravam pela postura de pessoas públicas como essa, que incentivam a superlotação dos hospitais ao negar a realidade da pandemia. Entendemos que os covardes e fracos são aqueles que escondem a verdade da população, talvez porque não tenham coragem de enfrentá-la, como enfrentamos todos os dias nas unidades de saúde.
E apesar de tudo isso, o projeto foi aprovado em 13 de maio, após passar pelas Comissões no mesmo dia, fato atípico na Assembleia Legislativa do Estado. Contrariando todas as recomendações dos órgãos internacionais de saúde e desconsiderando que o Brasil já pode ser considerado o novo epicentro mundial da pandemia, o texto aprovado segue para sanção ou veto do governador Carlos Moisés da Silva (PSL). Precisamos pressionar o governador Moisés a vetar esse texto para garantir a saúde dos catarinenses, apenas a regulamentação não é suficiente, inclusive pela falta de fiscalização. Em Florianópolis, a Prefeitura já anunciou que não considera a situação como de “normalidade, mas sim de pandemia”, e que qualquer alteração no fluxo de transporte depende de portaria da Secretaria de Saúde do município.
Seguimos, com a coragem de sempre, defendendo a vida acima do lucro.