Por Gustavo Siqueira.
O Centro de Eventos da cidade de Chapecó-SC recebeu nesta noite de quarta-feira (06) o teólogo e intelectual Leonardo Boff, em evento realizado pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Foi a primeira visita do professor a Universidade, que comemorou três anos de fundação.
Com a temática “O meio ambiente e a educação”, Boff falou por cerca de uma hora. Ao contrário do que se possa imaginar, o teólogo não discorreu sobre métodos e teorias de ensino para uma educação sustentável, mas sobre os preceitos filosóficos da natureza, despertando o público para uma problemática mais conceitual que metodológica. A importância desta abordagem foi destacar a dinâmica do tema nos encontros sobre sustentabilidade no mundo, onde, na opinião do palestrante, se sobressaem os interesses econômicos em detrimento dos problemas humanos.
Uma contribuição de destaque apresentada pelo intelectual catarinense na palestra foi a interpretação do mundo visto de cima. Tomando como referência os depoimentos de astronautas do Sputnik, Boff afirmou que natureza e humanidade são parte de um todo indissociável. Portanto, discutir o futuro das atitudes humanas em relação à natureza é discutir sua própria existência, principalmente numa era de explorações desenfreadas aos recursos naturais.
Do todo terrestre, analisou-se também o micro. A terra detendo milhões de microorganismos deve ser interpretada como portadora de vida e, portanto, de direitos e de políticas que a proteja e favoreça sua reprodução. A terra viva, Gaia, ou a Pacha Mama, foram exemplos de projetos e visões de mundo sustentáveis citadas por Boff. Visões que, para o professor, carecem de maior importância por parte dos líderes mundiais.
A crise mundial foi outro tema abordado por Leonardo Boff. O conceito de crise foi trabalhado em um pequeno vídeo exposto, onde o teólogo nos fala em renovação após o momento crítico. A renovação é uma sobrevida, é o repensar o futuro. Embora seja uma postura de cunho inspirador, ela oferece mais do que isso: um desafio. A renovação pode tomar diversos caminhos, e embora os dados apresentados pelo professor sejam alarmantes, cabe à nossa geração deixar um mundo mais saudável para os que vêm, com respeito à vida.
Por fim, Boff ressaltou a importância do sentimento humano em relação ao próximo e em relação à natureza. Enfatizou o problema da individualização e a necessidade de sentimentos comunitários. A razão, de acordo com o professor, é apenas uma parte do conhecimento humano em relação com o mundo; as demais partes são preenchidas pela emoção, pelo sentimento e o amor.
