Lenin, o líder da Revolução Russa

Em 21 de janeiro de 1924, morreu aos 53 anos o líder da revolução bolchevique, Vladímir Ílitch Ulianov – Lenin. O revolucionário já estava semi-paralisado devido a sucessivos acidentes vasculares e aos poucos foi obrigado a renunciar ao exercício do poder. Mas teve tempo de instalar a ditadura do proletariado após o triunfo da Revolução de Outubro. Sua morte, devido a uma hemorragia generalizada, provocou intensa comoção popular. O funeral de Lenin foi assistido por quase 1 milhão de pessoas sob o rigoroso inverno russo.  Teórico político e homem de ação, Lenin foi o primeiro dos herdeiros de Marx a conduzir uma revolução até a vitória, lançando as bases do sistema soviético. Combinando uma reflexão teórica original e uma visão de organização centralizada e disciplinada, foi considerado por seus contemporâneos como o verdadeiro pai da revolução bolchevique. Os opositores consideram-no também como a origem do sistema de repressão e supressão das liberdades individuais.

Influenciado desde muito cedo pela leitura da obra seminal de Karl Marx, O Capital, Lenin radicalizou sua posição com a execução de seu irmão mais velho, Aleksandr, por conspirar contra o czar Alexandre III em 1887. Profundo e ardoroso intelectual, Lenin associa os princípios do marxismo diretamente à sua própria teoria de organização política e a análise da realidade russa, imaginando um grupo de elite de revolucionários profissionais – ou “vanguarda do proletariado” -, que inicialmente conduziriam as massas russas à vitória sobre o regime czarista para finalmente provocar uma revolução mundial. Expôs essa teoria em sua famosa obra O que fazer? em 1902. A insistência de Lenin na necessidade desta vanguarda acabou por dividir o Partido Social-Democrata russo em dois. Uma ligeira maioria passou a ser conhecida como bolchevique que pregava a revolução e seus oponentes, como mencheviques, que defendiam as reformas graduais.

Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, Lenin, que então vivia na Suíça, instou seus partidários na Rússia de reverter o  conflito interimperialista numa guerra civil que livraria as classes trabalhadoras do jugo da burguesia e da monarquia. Com o sucesso da Revolução de Fevereiro de 1917 com a abdicação do czar Nicolau II, Lenin retorna clandestinamente à Rússia e trata de organizar a tomada do poder pelos bolcheviques, o que ocorreria em outubro do mesmo ano.

Ao chegar ao poder, Lenin busca um armistício imediato com as Potências Centrais (Alemanha, Áustria e Turquia) e age rapidamente para consolidar o poder do novo Estado soviético, sob o controle do que passou a ser Partido Comunista bolchevique. Para tanto, os “vermelhos” (revolucionários) tiveram de derrotar os “brancos” (reacionários) em feroz luta e repelir a invasão de 13 potências estrangeiras.  Em seus 6 anos de poder, Lenin enfrentou extremas dificuldades para implementar sua visão de Estado dentro das fronteiras, assim como materializar a revolução internacional. Lenin e o Politburo, que incluia Trotsky, seu fiel seguidor durante a guerra civil, e Josef Stalin, o secretário-geral do Partido Comunista, cuidaram de esmagar toda a oposição às políticas proclamadas na constituição da nova União Soviética.

Lenin sofreu um primeiro derrame em maio de 1922. O segundo, mais violento, ocorreu em maio do ano seguinte, deixando-o quase sem fala e praticamente encerrando sua carreira política.  Quando Lenin morre, em janeiro de 1924, em sua casa de campo em Gorki, o Politburo, em meio à comoção geral, prepara exéquias excepcionais. Stalin envia um telegrama a Trotsky, que estava ausente de Moscou, comunicando a morte de Lenin, mas o velho camarada não vai ao funeral. Havia três versões para a ausência de Trotsky: estaria em descanso no sul da Rússia; em tratamento de saúde; a serviço, a bordo de um trem militar. Trotsky telefona para Stalin e pergunta quando seriam os funerais. Stalin responde “No sábado. Você não conseguirá chegar a tempo, e de qualquer modo nós o aconselhamos a seguir aí com o seu tratamento de saúde”. As cerimônias ocorreram no domingo. Stalin foi o único orador ao lado do caixão mortuário. O povo e os camaradas do partido interpretaram a cena: Stalin transformara-se no herdeiro de Lenin.  Em tempos de twitter, vale a pena mencionar algumas das citações curtas de Lenin:

“Enquanto o Estado existir não haverá liberdade; quando reinar a liberdade não haverá mais Estado”

“Os fatos são terrivelmente teimosos.”

“A mania de citação é a nossa maior inimiga.”

“A confiança não exclui o controle.”

“Lá onde houver uma vontade, haverá um caminho.”

“É mais agradável e mais útil fazer a experiência de uma revolução do que escrever sobre ela.”

“O tempo não espera.”

“O Estado somos nós.”

Fonte: Opera Mundi.

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