Anderson Luís de Souza, meu caro ex-amigo unifespiano e eterno amigo em Letras e coloco as Letras assim, em letras maiúsculas. O que é um substantivo próprio? Substantivos próprios são nomes de terras, de pessoas, continentes, planetas, oceanos. Para facilitar o descobrimento destes, todos os nomes são escritos com letras maiúsculas. Exs.: Maria, Curitiba, África, Marte, Atlântico, Cristo. Isso é o que se aprende nas primeiras escolas. Bom, me lembro que, quando comecei a escrever, forçosamente obedecendo pautas e margens, a professora exigia que escrevêssemos LÍNGUA PÁTRIA no cabeçalho. Ora, vivíamos uma ditadura e me botava medo cruzar a folha simples da brochura com duas linhas, uma verde bandeira e outra amarela bandeira. Quando tínhamos leitura aplicada era na presença do senhor Diretor do GESC “Bertha Corrêa e Castro da Rocha” – era a mesa de madeira maciça entre mim e ele, era um homem de terno com óculos de aros grossos, que se preferia chamar de pince-nez e uma longa régua de madeira (maciça) Bandeirante na mão, isso para aplicar bolos se o trema não saísse, se os dígrafos se distanciassem do som próprio dos dígrafos e por trás de tudo isso o Médici me olhava, usando as mesma faixa em branco e preto, mas que eu sabia verde e amarela. A moldura do retrato do senhor presidente da República Emílio Garrastazu Médici parecia bolacha de maisena, aquela doce Maria que desejava na hora do recreio, no alçapão (o diretor chamava assim, ALÇAPÃO! e me sentia um pardal indo pra cela) e não sabia se lia ou se tinha fome. Morria de medo. O Geisel era o assassino em questão e me olhava também, mas o Médici era o que mais tacava terror. Tudo isso pra falar dela, a flor de Lácio que nasce de um esforço diário, assim como deve ser o amor. O seu amor grande é machadiano; o meu amor, mixuruco que parece doce de mamão, servido em copos americanos.