Justiça pra quem?

 Por Marcela Cornelli.

Mais uma vez o Poder Judiciário mostra a sua cara e de que lado está na luta de classes. Em uma nota que bem poderia ter sido editada nos tempos ditadura militar e que fere o direito de organização e a luta dos trabalhadores do transporte público da Grande Florianópolis, em greve desde a zero hora de segunda-feira, o Ministério Público declarou que “tomará as medidas judiciais cabíveis para obter a declaração de abusividade da greve, com o respectivo desconto dos dias parados, o bloqueio das contas do Sintraturb, a requisição de força policial nas garagens das empresas de transporte público” […] e segue “pleiteará a demissão, por sorteio e por justa causa, de 10% (dez por cento) dos empregados de cada empresa de transporte coletivo”.

Não é nenhuma novidade a “Justiça” escolher um lado da luta. A “Justiça” não é cega não. Ela sabe bem a quem serve. Para pedir quebra de sigilo nas contas dos poderosos envolvidos em escândalos em Brasília a coisa e lenta e morosa. Para intervir na luta dos trabalhadores é imediata. Muitas categorias já sentiram na pele esse peso na balança da “Justiça”. Os previdenciários na última greve da categoria sofreram interditos proibitórios e a Federação nacional que os representa, a Fenasps, antes mesmo da greve ser deflagrada já recebeu o aviso de que seria multada. Quem consegue fazer greve neste País? Companheiros como os cobradores e motoristas merecem todo nosso respeito pela coragem, pois cada vez mais está difícil de se organizar a classe trabalhadora no País.

Abuso é o preço das passagens, a falta de ônibus, as condições precárias do transporte público. Isso sim é um abuso contra a população.

Neste momento, o Sintraturb e empresas participam de mais uma reunião de conciliação no TRT. Mas conciliação fica difícil se a “Justiça” está longe de ficar do lado dos trabalhadores.

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