Justiça de SP mantém na prisão lactante acusada de tráfico e bebê de 3 dias

Jéssica Monteiro, que afirma ser inocente, foi presa em flagrante no sábado, teve o filho no domingo e foi transferida nesta quarta-feira para a Penitenciária de Santana.

Foto: Condepe

Por Maria Teresa Cruz.

A desempregada Jéssica Monteiro, de 24 anos, está presa desde sexta-feira (9/2) acusada de tráfico de drogas e foi transferida nesta quarta-feira (14/2) para a Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte de São Paulo. Jéssica estava prestes a dar a luz quando foi detida, tanto que dois dias depois, no domingo, entrou em trabalho de parto e foi levada ao Hospital Municipal Inácio Proença de Gouveia, onde o filho nasceu. Ela é mãe de uma outra criança de 3 anos. A indiciada afirma ser inocente das acusações e nega ser traficante ou usuária de drogas.

Jéssica ilustra as estatísticas do sistema prisional feminino, que, de acordo com o último relatório do Infopen, das mais de 42 mil mulheres presas no Brasil, 74% têm ao menos um filho. Também é o retrato da política antidrogas que encarcera mais de 60% delas. E por fim, se encaixa em outro levantamento, esse do ITTC (Instituto Terra, Trabalho e Cidadania): negra (68% da massa carcerária feminina) e jovem – entre 18 e 29 anos -, que corresponde a metade das encarceradas no país.

De acordo com a polícia, Jéssica foi flagrada em um apartamento no Bom Retiro, região central de São Paulo, com 27 pequenas embalagens de maconha, que totalizariam cerca de 90 gramas. Ainda segundo a versão da Polícia Militar, uma viatura foi apurar uma denúncia anônima na região que dava conta de que Jéssica e o ajudante geral Oziel Gomes da Silva, vulgo “Soja”, estariam repassando drogas. Com Oziel, que também foi preso, foram encontrados 37 trouxinhas de maconha e 40 eppendorf – ou pinos plásticos de cocaína – que tem pesagem variável, mas o volume é de aproximadamente um grama.

“Ela estava muito abalada, até pela situação de estar no final da gravidez”, disse o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) e que acompanha o caso. “Ela foi presa com pequena quantidade, tem bons antecedente, é primária e, além do recém nascido, ela tem outro filho. Tem direito a responder em liberdade com base no estatuto da primeira Infância”, pondera. Depois que o filho nasceu, o bebê e ela voltaram para a carceragem, ainda na terça-feira. Foram transferidos e estão no berçário da penitenciária de Santana.

A delegada Patricia Rosana Fernandes, do 8ª DP, considerou que havia elementos suficientes para enquadrar os dois flagrados no artigo 33 do CP. “A quantidade e a natureza das drogas, em princípio, não indicam a posse voltada para o consumo pessoal, assim como o local (conhecido ponte de venda de drogas) e o comportamento dos agentes”, escreveu a delegada no boletim de ocorrência.

Como estava em recuperação do parto, Jéssica não pode comparecer a audiência de custódia, onde o juiz Claudio Salvetti D’Angelo decidiu pela manutenção da prisão. Segundo Ariel de Castro Alves, a carceragem onde Jessica ficou nos últimos dias é um local insalubre e de presença predominantemente masculina. Agora, já transferida para a Penitenciária de Santana, as primeiras informações dão conta que o bebê está no berçário do local.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.