O Ministério Público da Argentina aceitou oficialmente nesta sexta-feira (16/07) abrir uma investigações contra o ex-presidente Mauricio Macri em razão do envio de armas e munições em seu mandato à Bolívia após o golpe de Estado que culminou na renúncia de Evo Morales.
O procurador Claudio Navas Rial aceitou a denúncia feita pelo governo argentino e instaurou investigação contra o ex-presidente por “contrabando agravado”. Junto a ele, foram denunciados o embaixador Normando Álvarez García e dois ex-ministros, Patricia Bullrich (Segurança) e Oscar Aguad (Defesa). Ainda houve a abertura de investigação contra alguns militares.
A Casa Rosada denunciou Macri e seus funcionários na última segunda-feira (12/07) pelos envios. Segundo o governo, o objetivo era “colocar esse material repressivo à disposição da ditadura que recém havia tomado o poder, com Jeanine Áñez”. A presidente autoproclamada assumiu após acusações de supostas fraudes na reeleição de Morales.
A participação de Macri no golpe da Bolívia veio à tona por conta de uma carta revelada do comandante da Força Aérea Boliviana (FAB), Jorge Terceros Lara, agradecendo ao embaixador argentino pelo envio de munição.
A revelação fez o presidente da Argentina, Alberto Fernández, pedir desculpas formais ao presidente Luis Arce, atual presidente boliviano.
Denúncia
O governo argentino entrou com uma denúncia contra Macri e outros funcionários de seu mandato pelo envio de “material repressivo” à Bolívia em novembro de 2019.
Segundo o texto apresentando, a denúncia indica que o “embarque ilegal de armas e munições para a Bolívia perpetrado em 12 de novembro de 2019 pelo governo nacional chefiado pelo ex-presidente Mauricio Macri, com a participação de altas autoridades do Poder Executivo Nacional”.
De acordo com os denunciantes, a entrega desses suprimentos militares “tinha como objetivo encobrir a necessidade de proteger a embaixada argentina” na Bolívia, mas a “gravidade institucional do acontecimento se consolida ao constatar que o material enviado teve como destino final as Forças Armadas” do país vizinho.
Por sua vez, a denúncia recorda que as Forças Armadas da Bolívia cometeram violações de direitos humanos no país, entre eles os massacres em Sacaba e Senkata.
Em novembro de 2019, após ter vencido as eleições, o presidente Evo Morales, do Movimento pelo Socialismo (MAS), foi forçado a deixar seu cargo pela direção das Forças Armadas, após pressões da Organização dos Estados Americanos e da cumplicidade da Direita. governos da região, como Brasil, Argentina, Chile e Peru.
(*) Com Revista Fórum.
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